segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Atracção online – 1ª parte

O post de hoje vai ser brutal! Se és homem e queres arrumar na tua cabeça o assunto da atracção online vais querer ler com a MÁXIMA atenção o que se segue.

Depois de leres imprime, copia, decora, traduz para 156 línguas, distribui nos centros comerciais da tua zona de residência e cria uma religião. Eu contento-me com 85% dos teus ganhos.

Tal como prometido há uns dias atrás, para além de abordarmos o tema de forma geral, vamos então explanar exemplos concretos de perfis e mensagens de qualidade. Na verdade, vou focar-me principalmente no porquê de estes exemplos serem de qualidade e o que os distingue dos que dei à uns dias atrás.

Chamo desde já a tua atenção para o facto de não encarares os exemplos que der como tábuas de salvação ou “pau para toda a colher”. Não tem mal nenhum se os usares mas aviso-te que nenhum texto faz milagres se a tua personalidade for neutra ou repelente. Portanto, se usares o peixe que eu te dou vais saciar a fome por uns dias mas não sobreviverás muito tempo enquanto não aprenderes a pescar.

Os textos pre- construídos são finitos e usados apenas em determinado contexto. Entre “iniciares conversa com uma desconhecida” até “iniciares uma relação íntima com ela” existem fases em que os textos não te vão poder ajudar. Mesmo que pudessem, isso seria absurdo pois criarias uma ligação entre um texto e ela e não entre TI e ELA.

Se não estiveres disposto a desenvolver a personalidade necessária para construir os teus próprios texto originais, digo-te já que não vais longe. Mesmo que eu te dissesse tintim por tintim o que haverias de dizer em todas as situações ia inevitavelmente chegar o dia em que terias de conhecê-la pessoalmente. Digo inevitavelmente porque estou a partir do princípio que a tua ideia é essa.

Se não é devia ser.

Portanto, deves desenvolver a tua personalidade para conseguir fazer os teus próprios textos originais.
Quando conseguires fazê-lo vais chegar à conclusão que os textos afinal não interessam e que enquanto tentavas escrever o texto certo, ganhas-te a personalidade certa.

Importa mais a viagem, que o destino.

O que a vai atrair é a tua personalidade, só tendo uma personalidade naturalmente atraente irás atrair as mulheres de forma consistente.

Não que isso seja o único ideal mas...isso já são contas de outro rosário.

Bem, vamos à parte divertida.

A primeira coisa que precisas de perguntar a ti próprio antes de fazer seja o que for é:

Porque é que eu quero conhecer miúdas online?

Pode ser uma questão difícil de responder mas aqui tens de ser totalmente honesto contigo.

É por ser muito mais fácil falar com raparigas giras? É por ser mais cómodo? Mais divertido? É por ser mais rápido? Mais lento? Mais directo? Menos arriscado? É o quê?...

Conhecer mulheres online tem muitas vantagens, sem dúvida. A mais óbvia é que...elas estão lá de livre vontade e porque assim o querem. E isso muito simplesmente significa que estão disponíveis para te conhecer e baixaram muitas das barreiras que têm quando tentas conhecê-las cara-a-cara. Elas podem não o admitir, mas quem vai para uma sala de chat, não vai passar o tempo, vai porque quer conhecer alguém.

Ninguém vai sentar-se na mesa de um restaurante de barriga cheia, certo?

Fixe.

Ela na rua pode ser completamente inabordável mas o simples facto de estar numa sala de chat implica que as suas barreiras deixem de fazer sentido. Mais. Em pessoa ela pode fazer parar o trânsito mas online ela não passa de texto. Caracteres repetidos. Uma mulher online está muito mais vulnerável e aberta a conhecer alguém.

Online podes conhecer mulheres que presencialmente nem olhariam para ti.

Online tens muito mais tempo para responder a uma questão complicada e para digerir e assimilar reacções.

Online podes meter conversa com 10 ou 20 mulheres ao mesmo tempo. A qualquer hora do dia e da noite. A qualquer dia da semana. 365 dias por ano. 

Online podes experimentar dizer as coisas mais estapafúrdias que te passem pela cabeça e ver como reagem.

Não existem bofetadas virtuais nem namorados ciumentos a 32 bits.

Todas estas vantagens podem ser apelativas para um homem e por um lado isso é altamente!

Por outro é uma treta. Porquê? Porque com tanta facilidade não desenvolves.

Todas estas facilidades e muitas mais criam habituação e acomodação em muitos homens e o convívio real cara-a-cara é muitas vezes totalmente substituído pelo convívio electrónico. Quando chega a altura de avançar com o convite do cafezinho muitos homens bloqueiam porque têm medo de sair da concha segura em que vivem e arriscar. Uns temem ouvir um “não”, outros um “sim”.

Quando dão por eles pesam 360kg e mesmo que queiram sair do quarto já não podem porque não passam na porta.

Online não há grande risco, logo não há grande petisco. No pain, no gain.

 Se estás numa de conhecer mulheres pela internet e te identificas 1mm que seja com esta acomodação dá um murro na mesa agora!

Não me venhas dizer que elas é que nunca querem bla bla bla. Bullshit!

Uma mulher está SEMPRE disposta a divertir-se e a conhecer homens interessantes, maduros e masculinos. Se não tem tempo, ela arranja. Se elas não querem conhecer-te à partida és tu que não lhes dás vontade disso. E aí voltamos à conversa do “desenvolver a personalidade certa”.

A falta de tempo é quase sempre uma desculpa esfarrapada para a falta de vontade. Pensa só...se lhe saísse o totoloto no dia mais ocupado da vida dela e o homem da santa casa lhe ligasse a dizer que tinha 15m para reclamar o prémio o que te parece que acontecia?

Pois...faço-me entender?

Não é que ela não tenha tempo, ela não tem é o incentivo certo.

Nem sempre que elas dizem “não” querem dizer “não”, muitas vezes é só um “agora não” ou um sim reprimido. As mulheres falam por código. Muitos homens ouvem um não e desistem na hora... Não estou com isto a querer dizer que se ela diz que vai meter-te em tribunal para não te aproximares mais de 2km dela e que NÃO quer ver-te nem pintado de amarelo que queira na verdade dizer “amo-te muito e quero casar contigo”...aí é mesmo um não ok? :)

Mas se ela diz “Acho que não vai dar, ando tão cheia de trabalho...” o que ela quer MESMO dizer é “Convence-me!”

Neste caso sê persistente! (Já agora: 3 mensagens sem resposta é persistência suficiente)

É preciso teres atenção como ela diz o não.

E como ela diz o sim. Muitas mulheres dizem sim quando querem dizer não.

Também precisas de estar preparado para apanhar esta dica. Sempre que ela diz um “sim” que significa “não” vai à tua vida e não percas nem mais um minuto do teu tempo.

Quando ela diz o típico “Eu gosto de ti! Só preciso de um tempo para pensar na nossa relação...”. O que ela quer MESMO dizer é: “Tu não me atrais o suficiente! O ‘preciso de um tempo’ é a frase mais ambígua que consegui encontrar para não magoar os teus sentimentos.”

Quando ela diz “Adorava ir tomar café contigo mas da maneira que as coisas andam lá na empresa não tenho a mínima hipótese” o que ela quer MESMO dizer é “Não ia tomar café contigo nem que a minha empresa falisse hoje.”

Capixe?

Quando ela te manda dar uma curva ao bilhar grande, vai mesmo! :)

Ok, então resumindo a salganhada.

Primeiro, pensa no porquê de quereres procurar chicas online. Depois certifica-te que não é por comodismo e que o teu objectivo é encontrares-te com ela ao vivo e a cores. Faz por lhe proporcionar uma saída divertida e principalmente faz por conhecê-la, mas conhecê-la MESMO. Trata-a como se ela fosse a tua melhor amiga: Descontrai totalmente e sê tu mesmo.

Muitas mulheres que aceitem encontrar-se contigo não vão corresponder ao que aparentavam na internet. Não só física como intelectualmente. Se queres um conselho de amigo, logo que percebas que ela mentiu ou que tem “questões por resolver” põe-te a milhas. Podes beber um copo com ela mas depois diz-lhe educadamente que não estás interessado em continuar a interacção. Acredita, não importa quão bonita ela possa ser...vais agradecer-me para o resto da tua vida se seguires este conselho.

Ah! Já agora, arranja um e-mail só para dares a mulheres que conheces na net. Não vais querer mudar de mail de 3 em 3 meses. Não dês o teu e-mail pessoal antes de a conheceres...pessoalmente. Faz sentido? :)

Principalmente se a conheceres numa rede social, trata de a adicionar no msn. As mensagens demasiado demoradas atrasam e bloqueiam o processo da atracção. Há quem diga que o 2º passo é falar com ela ao telefone. Se usares este 2º passo sugiro que de preferência seja ela a dar-te o número e que ligues incógnito. O 3º passo é saíres com ela.

Basicamente é isto. Para mim, conhecer mulheres online é apenas o primeiro passo para a verdadeira prova: Sair com ela.

Conhecer mulheres online é uma excelente sala de treino para a prova final. Mas tens de sair da sala e pôr-te à prova se queres evoluir nesta área...

Não posso dizer que sou um grande, grande fã deste método mas certamente que ele me ajudou a compreender muitas dinâmicas.

Aprendi por tentativa e erro.
Enviava mensagens totalmente fora de contexto e dos estilos mais diversos que conseguia imaginar. Tentava fugir ao óbvio e ao corriqueiro e ver no que dava.

Das respostas que obtive, a esmagadora maioria não eram positivas. Mas não me ralava muito.
Pensava em Thomas Edison. Certo dia um jovem repórter perguntou-lhe o que ele achava de tantas tentativas fracassadas antes de inventar a lâmpada. Ele respondeu “Não fracassei nenhuma vez. Inventei a lâmpada. Acontece que foi um processo de 2.000 passos...”

Eu também não fracassei 2000 vezes apenas descobri 2000 mil maneiras de como não enviar mensagens e por exclusão de partes aprendi como o fazer...

Agora que penso nisso, esta é uma boa perspectiva para o processo da atracção: Errar é altamente. Significa que não voltas a cometer o mesmo erro tão cedo mas principalmente significa que tentas-te...


Bem, o que era para ser uma pequena introdução acabou por dar nisto...por isso volta daqui a uns dias para a 2ª parte.

Prometo que não vais dar o teu tempo por perdido...

David Veríssimo

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A persona - Porque é que a cobra ataca?

Hoje o título é assim a atirar para o Zen e tal. Mas não deixa de ser pertinente.


Antes de rapares o cabelo com uma lâmina de barbeiro, de te colocares na posição de lótus e meditares durante 2 meses e meio no alto do monte Abraão vejamos...o que raio é uma persona? Os Espanhóis não teriam grande dificuldade em responder :) mas para nós de que se trata?


Bem, dando a resposta gira, persona era o nome dado à máscara usada pelos actores de teatro Gregos. A sua função capital era a de dar ao actor a aparência que o papel que estivessem a interpretar exigisse.


Já estás mesmo a ver como é que isto é transportado para as relações humanas certo?


Pois.


Nos dias que correm, as máscaras da antiga Grécia continuam a ser usadas com o mesmo propósito, apenas se tornaram máscaras psicológicas e sociais.


Por uma questão de adaptação social as máscaras persona sempre foram utilizadas pelas pessoas.


Quantas vezes não conheces-te já alguém que depois revelou ser o completo oposto do que aparentava?


Espera, deixa-me reformular a questão.


Quantas vezes já conheces-te alguém que daí a 5 ou 6 meses continuou a agir e a comportar-se exactamente da mesma forma que se comportava quando tu o conheces-te?


Eu não sei quanto a ti mas eu conheço muito poucas...


Antes de vermos o porquê disso acontecer vamos a mais um termo porreiro: Sociopata.


Deixa-me já dizer-te que, se les-te “maluco” les-te mal porque eu disse SOCIOPATA.


Aumenta o zoom das tuas páginas de internet em 200% e procura o profissional ocular mais perto de ti.


Um sociopata não tem obrigatoriamente de ter qualquer distúrbio mental, um sociopata na sua essência, é simplesmente alguém que não está disposto a comportar-se de modo socialmente aceite.


O que é que isto interessa para a tua felicidade?


Não muito, mas continua a ler que eu também não gosto de escrever para o boneco :)


Ok, então temos as máscaras persona e os sociopatas.


Dois opostos com o mesmíssimo propósito: Protecção.


Contra quê?


Boa pergunta! Vejo que estás atento ;)


Ora bem...


Já te puseste a pensar na razão que leva alguém a ser violento?


À partida podes estar tentado a dizer que uma pessoa é violenta porque é provocada mas isso não é bem assim...


Mesmo que fosse correcto colocar a responsabilidade da violência na provocação e não na pessoa, também ninguém responde violentamente a uma provocação.


Ele pode ser violento após ouvir uma provocação mas nunca por tê-la ouvido. Big diference.


Não foi a provocação que o tornou magicamente violento, ele já era violento antes de ser provocado, ela apenas realçou essa faceta.


É como o álcool ou o dinheiro. Quem tem muito de um dos dois nunca muda a sua forma de ser, antes pelo contrário, realça aquilo que já é.


As máscaras realçam o que ele não é.


Normalmente quando conheces alguém, tu não estás verdadeiramente a conhecê-lo, estás a conhecer a sua persona, a máscara que ele usa para se proteger do mundo.


Ele acha que sem essa máscara estaria acabado e as pessoas comê-lo-iam vivo.


Ele nunca experimentou tirá-la e confirmar.


Ele tem medo.


As pessoas usam as máscaras persona para protegerem o seu frágil ego. A violência é uma dessas máscaras. Serve para se protegerem de...violência. As pessoas são violentas porque temem ser magoadas pela violência alheia. As pessoas são tímidas porque temem ser magoados pela opinião alheia. As pessoas são exuberantes e fazem questão de se comportar de forma totalmente anti-social porque temem encaixar no socialmente aceite e assim ganharem alguns dos medos acima descritos. Ou seja, os sociopatas temem ser socialmente aceites e os socialmente aceites temem ser vistos como sociopatas.


Como já deves ter notado, e fazendo a ligação com o último post, a palavra que mais se repete é “temem”. O medo faz com que as pessoas se protejam...ao protegerem-se fazem-no com coisas que por sua vez metem medo ou apreensão nos outros. Nice :)

Pensa bem como funcionam as nações de todo o mundo. Topa-me só esta lógica.


Um país inventa uma bomba manhosa qualquer. Os outros países com medo de serem aniquilados por ela e sentindo-se impotentes no caso de confronto arranjam duas iguais aquela. Fixe. O que acontece a seguir? O país inicial que até nem tem razão nenhuma para entrar em confronto, mesmo assim sente-se na mó de baixo com uma bomba contra duas por isso, no puro intuito de “proteger” e “garantir a segurança dos cidadãos” arranja ainda outra bomba que aniquila meio mundo em meio minuto.


Sou só eu ou há aqui um pequeniiiiiiiino contra-senso?


Se ao fim de 300 ou 400 anos a estudar física nuclear e neurocirurgia fotovoltaica se chega à conclusão que para proteger as pessoas é preciso produzir bombas que as aniquilem então temo por futuros estudos sobre o tema e oficializo já que eu sou completa e irremediavelmente maluco porque sinceramente custa-me um bocadinho entender a lógica.


E nas máscaras sociais a lógica é a mesma.


Elas são uma tentativa inglória para sair inteiro de coisas tão brutais, avassaladoras e traumatizantes como...conviver com amigos, aceitar uma opinião contrária à nossa, mostrarmo-nos como somos ou dizer “olá” a uma desconhecida...


Respondendo à questão do título, a razão que leva as cobras a atacar as pessoas é exactamente a mesma que leva as pessoas a atacar as cobras.


MEDO.


É a chamada teoria do “ó filha, chama-lhe puta antes que ela to chame a ti”.


A violência provem do medo não provém da "garanhonisse". Logo quem é violento está no fundo a mostrar a sua incapacidade para o controlar e a gritar alto e bom som a sua desesperação.


Esta é uma das razões porque deves parar imediatamente de ler ou ver (tele)jornais ou filmes de terror.


Enquanto as notícias do dia-a-dia gerarem medo, enquanto a forma de vender for agressiva e geradora de medo, enquanto as pessoas agirem guiadas pelo medo e não pelo AMOR, a resposta será sempre a violência. Para quem não sabe, a violência gera mais medo. E não sei se já disse mas mais medo gera mais violência. (Não sei se estás a ver o filme...)


As máscaras sociais servem os seus próprios propósitos. Elas protegem-te de algo que não existe. Elas são profecias auto-realizadas. Elas protegem-te de algo que não será o que tu julgas que é quando tiveres as balls para experimentar por ti. As máscaras sociais são máscaras. Elas não são o teu Eu verdadeiro.


Para deitares a máscara ao chão precisas de ter a coragem de dar o peito às balas sem saber que as balas são bolinhas de papel enroladas em cuspo, precisas de te aceitar tal e qual como és, principalmente os teus defeitos, precisas de ser tu próprio e principalmente...precisas de parar de ter medo.


Como é que páras de ter medo?


Nada mais simples.


Tens medo que se saiba que és virgem porque tens 42 anos? Vai e conta a toda a gente que te aparecer pela frente.


Tens medo que se descubra na faculdade que no fim-de-semana passado levas-te uma tareia de uma senhora de 83 anos com osteoporose que inclusivamente fez questão de te puxar os boxeurs até aos ombros? Contrata uma agência de publicidade e monta um cartaz 30m X 20m no centro do polivalente com imagens do combate, panfletos com informação detalhada da contenda, t-shirts, canetas e porta-chaves alusivos ao evento.


Todos os teus amigos te acham o james bond do século XXII e ontem foste apanhado no escorrega do parque infantil por um vídeo amador enquanto gritavas “Abram alas para o Noddy”? Paga ao sacana que filmou a desgraça e em vez de enterrares as provas no quintal da tua vizinha, espeta com o vídeo no youtube só numa de ajavardar.


Para informações mais detalhadas dá um saltinho ao post anterior.


Para quaisquer outras dúvidas ou para reembolso de somas escandalosas de dinheiro entra em contacto comigo pelos mails do costume.



Não ajudes a perpetuar o medo, a TVI dá bem conta do recado sozinha  ;)


Ajuda a perpetuar a alegria, todos somos poucos.


David Veríssimo

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A temível cuca...

Quem é a cuca?
 
Não tenho bem a certeza.

Aparentemente a cuca é um “bicho mau” que não vai lá muito à bola connosco.
Digo aparentemente porque eu nunca vi nenhuma. Sei o nome porque lembro-me de a minha mãe me avisar sobre ela quando eu era miúdo.

“Cuidado com a cuca” dizia ela misteriosamente...e eu, arregalava bem os olhos e ficava muito, muito quietinho, à espreita, na escuridão do meu quarto...

Imagino que a cuca seja muito requisitada por mães de todo o mundo e tenha muitos afazeres porque ela nunca apareceu.

A cuca, o homem do saco e outros malfeitores que tais são uns aldrabões do caraças.

Estranho mesmo é o facto de que, mesmo nunca aparecendo no local marcado, nós ficamos sempre com a sensação que eles lá estiveram.

É uma espécie de “síndrome do pai-natal” só que em mau porque o pai natal também nunca o cheguei a fisgar mas pelo menos ele tinha o bom senso de me comprar com carrinhos de corrida e pijamas.

Ou seja, o homem não tinha tempo de ficar para o pequeno-almoço mas ao menos dava sinal de vida e lá pedia “desculpa” à maneira dele.

A cuca não.

Nem um par de meias daquelas das raquetes nem nada.

A cuca é uma mal-educada.

E pelos vistos está falida.

Depois de ter chegado a estas conclusões chocantes começou a custar-me continuar a ter medo de alguém que provavelmente estaria a marcar lugar na sopa dos pobres e, enquanto se babava pelo canto da boca, gritava com a cozinheira porque queria antes lagosta com champinhons em vez de sola de sapato grelhada à moda de Alcabideche.

Bem...resumindo e concluindo.

Não é boa ideia termos consideração por este desnaturado sem palavra.

Desde muito novos que somos coagidos a dar crédito a coisas que não existem ou que praticamente nunca chegam a acontecer. Desde muito novos que somos assustados com monstros de todos os tamanhos e feitios para todos os gostos e desgostos. Desde muito novos que somos levados a crer que coisas perfeitamente inócuas e simples podem dar cabo da vida de uma pessoa. Desde muito novos que nos passam a ideia de que temos de ter medo da vida se queremos viver.

Somos periódica e sucessivamente assustados com “terríveis doenças” que vão erradicar a espécie humana de um dia para o outro. Quando nada acontece limitamo-nos a inventar outra “terrível doença” qualquer.

Desde que ganhámos capacidade para argumentar que lançamos datas arbitrária do fim do mundo. Vendemos as nossas casas e gritamos a plenos pulmões “arrependam-se enquanto é tempo!”. Quando nada acontece limitamo-nos a comprar outra casa e a inventar outra data qualquer para o juízo final.

Quando a publicidade não está a insultar as pessoas, 

 
está a mostrar todas as razões possíveis e imaginárias que elas devem temer se não comprarem imediatamente o produto deles. "Compre o nosso produto senão acontece o carmo e a trindade na sua vida!" Quando nada acontece limitam-se a arranjar outras razões quaisqueres.
  
Fazemos e dizemos as coisas mais estapafúrdias para justificarmos o nosso sentimento de medo mas devíamos antes estar a fazer e a dizer as coisas mais estapafúrdias para justificarmos o nosso sentimento de amor, de alegria, de bem-estar, de gratidão.

Não temos que ter medo da vida.

Se não reenviares aquele “e-mail corrente” nada de mal te vai acontecer. Não vais cair das escadas e partir o perónio e a tíbia em 29 sítios diferentes nem a tua avó vai ser engolida por um porta-chaves com 7 cabeças que veio do além.

Se decidires usar a marca de pastilhas X em vez da marca Y na tua máquina de lavar roupa, a tua cozinha não vai ficar inundada até ao tecto e não vai ser preciso contratar 52 profissionais que cheguem à conclusão que a casa vai ter que ser demolida e construída de raiz.

Faço-me entender?...

É que, da mesma forma, se fores falar com aquela rapariga que te atrai e disseres “olá” com um sorriso simpático na cara, ela não vai desancar-te e dar-te um enxerto de porrada com uma barra de alumínio que trazia escondida na mala, nem lançar-te uma granada de gás pimenta enquanto grita por socorro e liga o 112.

Provavelmente vai ser simpática de volta...não será?

Se pensares bem no assunto, sem o medo a toldar-te o raciocínio, vais chegar a esta mesma conclusão.

Logo,

Se tens medo de como ela vai reagir estás a ter medo da cuca para justificar a tua passividade e não a avaliar a situação de forma realista.

Como já viste, a cuca não vale dinheiro branco. Ela raramente aparece no sítio combinado. Ela está demasiado ocupada a tentar cortar um pedaço de borracha queimada com um talher.

Não deixes que um pobre monstro que precisa de usar a arrastadeira de 10 em 10m te impeça de ser feliz.

Não deixes que a ideia que te querem impingir do que pode vir a acontecer te impeça de fazer o que te dá prazer e te preenche.

Pensa lá bem, o que é o medo?

Há uns tempos li uma excelente definição da palavra medo (em Inglês): F.E.A.R.

False Evidence Appearing Real

Normalmente o medo não passa de uma falsa evidência criada pela tua mente. Porque é que a tua mente a criou? Porque hà uns milhares de anos atrás a tua sobrevivência dependia quase a 100% das tuas emoções, mais concretamente da emoção medo. Os nossos antepassados que andavam no meio do mato precisavam de um sistema rápido e eficaz para que, ao mínimo sinal de que a sua sobrevivência estava em causa, o seu corpo os avisasse e ajudasse a sair dali o mais rápido possível. Se eles se pusessem a pensar “Hmmm...que estranho...acho que ouvi um som de algo a aproximar-se daqui” e não reagissem imediatamente através do medo provavelmente acabavam a ser o jantar de algum predador.

Hoje em dia as coisas não são bem assim.

Á partida tu não vais na rua e aparece um leopardo detrás de um Citroen Saxo...
Esse medo que tanto ajudou a sobreviver os teus antepassados, está obsoleto.
Pensa bem nas últimas 10 vezes que sentis-te medo. Algum desses medos se tornou realidade?

Provavelmente não.

Na verdade, hoje em dia causa mais estragos do que traz benefícios. As pessoas temem tudo e mais um par de botas. Tememos até situações totalmente inofensivas e fazemos grandes filmes de detalhes sem qualquer importância.

Então o que é o medo?

Uma emoção.

Nice and simple.

O nosso cérebro é algo absolutamente incrível mas ele precisa de tempo para se adaptar aos tempos. Enquanto isso não acontece a sua boa vontade só atrapalha.
Há 100 mil anos atrás era extremamente útil o nosso cérebro emotivo não precisar de experienciar algo para decidir ter medo ou não. Ele lançava uma imagem na nossa mente de um predador por exemplo e nós podíamos fugir como se o tivéssemos realmente visto quando na verdade até podia ter sido um simples esquilo.

Naqueles tempos não importava muito se era um esquilo ou um leão. A enorme probabilidade de poder ser um leão dava-me justificações mais que suficientes para fugir sem precisar de confirmar.

Hoje em dia isso não faz tanto sentido porque se antes isso salvava a minha vida agora salva mais vezes o meu ego que outra coisa qualquer.

Já o disse num post anterior e repito: Se queres ter sucesso na tua vida profissional e nas tuas relações íntimas tens de controlar o medo (emoção). Tens de parar de dar importância a imagens mentais negativas e despropositadas, tens de sair da tua cabeça e viver o momento.

Em suma, tens de confirmar se é realmente um leão ou apenas um pequeno esquilo.

É claro que se estivermos mesmo a falar literalmente não é boa ideia confirmar, ok? :)

Fixe.

Então como é que ultrapassamos o medo de coisas inofensivas?

Talvez não seja a resposta que queiras ouvir mas a maneira mais eficaz de ultrapassar o medo é...fazer o que te mete medo.

Tens um medo paralisante de interagir com desconhecidas? Faz um favor a ti próprio e reserva um dia inteiro só para interagir com pessoas que não conheces de lado nenhum. Feias, bonitas, velhas, novas, altas, baixas, medrosas, corajosas e com cara de poucos ou muitos amigos. Não importa.

Continuas com algum receio? Amanhã faz exactamente o mesmo. 

Não estás a gostar muito da sugestão? Isso é porque tens medo. E como já vimos, esse medo só está na tua cabeça, não existe na realidade. Como é que eu sei que só existe na tua cabeça? Porque eu falo com tudo o que mexe e nunca ninguém ligou o 112 nessas alturas.

Eu também sou um gajo simpático vá  :)

Mas pensa bem, se tens medo de algo tão inofensivo como falar com uma pessoa como esperas conseguir ter uma relação de intimidade? Como esperas chegar ao cimo de uma escada se não tens coragem de subir o 1º degrau?

Vai por mim, ao fim de uns tempos a interagir com toda a gente, vais rir-te do medo que te paralizava. (Isto é...se não agires como um gandulo)

Ponho as minhas mãos no fogo em como vai ser assim porque sei que falar com pessoas não representa real perigo físico para ninguém. Portanto a única maneira desta técnica não resultar é tu não seres suficientemente persistente.

Quando fazes o que te mete medo e vês que sobrevives-te sem mazelas estás a programar o teu cérebro obsoleto com nova informação. Deixas de sentir medo porque provas-te a ti próprio que não há razão para isso. Deixas de sentir medo porque as imagens negativas que são lançadas na tua cabeça antes de agires contradizem o que depois na realidade acontece.

Ao fim de uns tempos o teu cérebro ganha juízo e deixa de te chatear com imagens apocalípticas e irreais do que pode correr mal e começam a aparecer-te imagens espontâneas do que pode correr BEM.

Aqui dá-se um importante "click". A tua mente deixa de ser dominada pelo medo e passa a ser dominada pela alegria e o optimismo.

Se a tua mente, construtora da tua realidade, passa a ser dominada pela força do amor a tua realidade será totalmente diferente!

Capixe?
Portanto, ter medo é porreiro quando vives numa selva perdida na Amazónia rodeada de animais selvagens sem lei mas não se vives em sociedade.

Conclusão:

Queres uma fórmula infalível para ultrapassar o medo?

1º Admite que tens medo.
Não te armes em super-herói que não tem medo de nada, toda a gente teme porque toda a gente tem um cérebro límbico. Se não admites que tens um problema nunca farás nada para o resolver.

2º Decide que vais fazer O QUE FOR PRECISO para resolver esse problema.
Mentaliza-te que precisas de agir, de fazer algo em relação a isso.

3º Age!
Mexe o rabo. Interage com as pessoas e sê persistente.

A persistência é favorável.


Não temas viver a vida, acredita que há coisas muito mais interessantes para gastares a tua energia...
David Veríssimo
planeta.marte@portugalmail.pt ou planeta.venus@portugalmail.pt

“Conquistar o medo é o começo da riqueza”. Bertrand Russell