domingo, 5 de julho de 2009

Porque é que as pipocas no cinema são tão caras?

Encaixar pipocas num blog sobre Evolução Pessoal e Atracção pode parecer rebuscado mas na verdade faz todo o sentido.

Para me fazer entender melhor vamos ligar esta salganhada com alguns princípios de economia.

Porque será que nas discotecas, 9ml de licor beirão com 32 pedras de gelo custa 2.5€?

Não achas estranho? Eu não falo nos preços, estes preços são negócio e as discotecas têm todo o direito de os praticar. O que pode ser estranho é que…as pessoas pagam…e a pergunta que tem de se fazer é: Porquê? Porque é que pagam? Estão a morrer à sede? Alguém as obrigou? Não sabem o que fazer ao dinheiro?

Diz-me, importas-te que te ponham a mão no bolso?

É que eu importo…é um raio de um vicio que tenho.

Ok, na verdade acho que ninguém gosta que lhe façam isso não é? Então deve haver uma razão lógica para pagarem 2.5€ por um copo de pipocas e 3€ por um sumo de laranja certo?

Certo.

Oscar Wilde disse um dia “Aquele que conhece o preço de tudo não conhece o valor de nada” e ele tinha razão.

É que o preço das coisas não é, (nem nunca foi) definido pelo valor intrinseco que elas têm.

Existem pessoas que vendem tostas com a cara de jesus cristo ou garrafas de àgua (vazias) no ebay por uma maquia considerável…

Não querendo desprestigiar o mundo das torradas com imagens religiosas ou a industria das garrafas de plástico cheias de ar tenho que dizer que isto são coisas sem grande valor, que não valem uma única licitação. Se o preço das coisas fosse definido pelo valor que elas têm, era exactamente isso que acontecia. Então afinal o preço é definido pelo quê? Deixa-me responder com mais perguntas estranhas.

O que aconteceria ao preço da gasolina se de repente fossem descobertos mais 50 000 poços de petróleo em todo o mundo?

Bingo! Baixava.

Porquê? Porque passava a haver petróleo em abundância.

Portanto, um dos factores principais que determina o preço das coisas é aquilo a que os economistas chamam de “poder de escassez”combinado, claro, com a procura. (Por vezes basta que exista o 1º para o 2º ser atraído naturalmente como acontece no caso das tostas.)

E tu agora podes dizer “Ok, espertalhão mas o petróleo é um bem escasso ao contrário do licor beirão ou das pipocas!”

És um gajo perspicaz :) e tens toda a razão, o que não falta por aí é álcool e milho e podes comprá-los em diversas lojas sem teres de ir muito longe.

Excepto se isso te for impedido…como é o caso nas discotecas, cinemas e em muitos outros negócios com preços inflamados.

Olha o caso dos diamantes. Porque é que achas que os diamantes são muito valiosos? Porque são bonitinhos? Claro que não. São caros porque são raros. Se os diamantes pudessem ser plantados, eles valeriam menos que uma pedra da calçada. Repara:

Tanto o carvão como os diamantes são feitos de carbono mas o primeiro é barato e o segundo é muito caro pois é muito mais difícil de encontrar.

Quando começam a ser encontrados demasiados diamantes, as pessoas que detêm o monopólio da venda de diamantes agarram neles todos, metem 90% numa caixa forte e deixam os outros 10% ir para o mercado. Se eles não limitassem a entrada de diamantes no mercado o valor deles baixava drasticamente e eles perderiam biliões.

Ficamos assim a saber que as coisas ganham valor quando são naturalmente escassas ou quando se cria uma escassez artificial.

Mais.

Por vezes ouves os jornalistas dizer “Fulano tal desvalorizou a situação dizendo que bla bla bla”. Porquê? Porque quem valoriza ou desvaloriza algo ou alguém, são as próprias pessoas. Nada tem que ver com o valor em si das situações, objectos ou pessoas. Todo o ser humano tem exactamente o mesmo valor. Podemos colocar o Cristiano Ronaldo num patamar de alto valor mas tudo não passa de uma “verdade” em que resolvemos acreditar. O real valor dele mantém-se inalterado e é igual ao meu e ao teu valor.

Ficamos assim a saber que o simples facto de algo ser raro não significa necessariamente que tenha maior valor, é tudo uma ilusão criada por nós porque viemos de fábrica programados para fazer isso.

Ok, então agora passando isto para a área dos relacionamentos entre os sexos:

Existe alguma procura de parte a parte? Sim, muita. Mas…a mulher é escassa? Nem por isso. O homem é escasso? Nopes. Somos 6 biliões, salvo erro.

Ou seja, quem entender esta formula simples pára de inflacionar o valor das pessoas, como acontece por exemplo com os homens que julgam que as mulheres são escassas e ficam loucos se uma delas o rejeita.

Mas podemos tirar mais conclusões interessantes.

Uma vez que nem o homem nem a mulher são escassos (tal como o álcool e as pipocas) muitas pessoas fazem o que os cinemas e discotecas fazem: criam escassez artificial. A ideia é serem vistos como tendo maior valor, atraindo assim mais procura.

É por isso que muitas mulheres usam 2Kg de maquilhagem quando saem à noite e é por isso que muitos homens querem carros imponentes todos XPTO.

É fácil de ver que este é um plano que, a longo prazo, não resulta. Tu podes elevar o teu valor aos olhos das pessoas com métodos artificiais mas ninguém pode esconder o que é por muito tempo, excepto das pessoas que não interessam. Se és artificial, vais atrair pessoas artificiais.

Nunca serias capaz de criar uma ligação genuína com ninguém pois para isso é necessário que o teu “eu” verdadeiro consiga comunicar com o “eu” verdadeiro da outra pessoa.

Mostrar-se desinteressado é uma das formas mais usadas para criar valor onde ele não existe e atrair pessoas com baixa auto-estima.

Porque é que as pessoas que se sentem atraídas por quem as ignora, têm sempre baixa auto-estima? Bem, quando alguém ignora ou despreza, está a elevar o seu valor mas a pessoa com baixa auto-estima sente isso como uma perca de valor dela. É como aquela publicidade, salvo erro, da rádio popular, em que o gajo que lá comprava dizia “Eu é que não sou parvo!”. Aparentemente ele está a dizer que é inteligente porque compra naquela loja mas na verdade a mensagem subliminar que eles querem passar é “Se não compras na Rádio Popular é porque és parvo”. Ninguém gosta de ser parvo por isso as pessoas que não sabem o que são ou o que querem vão comprar à Rádio Popular para sentirem que não são parvas tal como as pessoas que têm baixa auto-estima, vão tentar repor o valor que julgam que tinham, indo atrás daquele que julgam que lho tirou. Este é o “oldest trick in the book” para os chamados “pick-up artists”. Isto é pura manipulação e garanto-te que resulta 99,9% das vezes.

Por isso muita gente sente-se atraída por quem as ignora ou que de alguma outra maneira vejam como “impossíveis de alcançar”.

É por isto que uma aliança no dedo anelar é capaz de te fazer mais atractivo e é também por isto que uma mulher tipo top-model, que trabalha numa discoteca e recebe 230 números de telefone por noite costuma responder com GRANDE intensidade a uma demonstração de desprezo.

Elas estão colocadas num ambiente que não as ajuda lá muito…parece um paradoxo dizer isto mas quando alguém é elogiado 100 vezes por minuto perde auto-estima. Ao levar tantos shots de validação e aumento de valor por minuto, a mulher chega a um ponto que já não consegue distinguir a realidade da ficção e isso deixa-a na dúvida, logo, insegura. Algumas escolhem acreditar na ficção para não ficarem inseguras e julgam-se autenticas Afrodites, ficando frias e arrogantes. É claro que isto não acontece com todas mas regra geral uma mulher muito bonita fisicamente transporta consigo uma espécie de maldição. Esta maldição faz com que dificilmente consiga saber se o homem está a dizer aquilo porque é a opinião dele ou porque quer levá-la para a cama, mais ou menos como acontece com as pessoas ricas. Esta maldição faz com que os homens não sejam sinceros com ela, aumentando as suas qualidades e valor para além do razoável e tentando manipula-la de muitas outras formas fazendo com que ela se mantenha num mundo de fantasia que cai aos pedaços quando encontra um homem que a despreze.

Mas este comportamento para além de muito comum, é transversal aos dois sexos. Para além disto, quando não há desafio fica tudo demasiado fácil. Nós os humanos tendemos a não dar valor ao que temos, só lhes damos valor quando o perdemos. Isto acontece porque a sensação de falta leva a um sentimento de escassez, o que por sua vez faz aumentar o valor de determinada coisa ou pessoa instantaneamente.

Todos estes problemas desaparecem se a pessoa tiver genuíno conhecimento de si própria e genuína auto-estima.

Muito mais haveria a dizer sobre a atribuição de valor. Por agora, acho que dá para teres uma ideia base.

David Veríssimo 

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