segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O encantador de pessoas

Hoje vim cá dar uma dica rápida sobre um dos programas de TV que merece a tua atenção. Os fiéis leitores do blog já sabem que eu não sou propriamente perdido de amores pela TV mas hey!, ainda existem honrosas excepções. 

O nome do programa é “O encantador de cães” e…fala sobre pessoas.

Na verdade o programa é anunciado e publicitado com os cães em pano de fundo mas se tomares atenção vês que a maior parte do “tratamento” dado pelo Cesar Millan (o incrível adestrador canino do programa) é dado aos donos.

Portanto, começamos bem. Um adestrador canino que trata pessoas. Já só falta inventar um programa onde um “coach” de pessoas trata os cães.   :)

Bem, idiotices à parte, está aqui escondida uma das maiores verdades universais e uma das maiores lições de vida que eu já aprendi até hoje portanto, se só tirares uma única conclusão daqui, que seja esta:

Todos os contornos e circunstâncias da tua vida nos quais hoje te encontras foram criados POR TI, não por algo exterior a ti.

A vida que hoje está materializada aos teus olhos, foi criada pelas tuas ações no passado. Que é a mesma coisa que dizer que foi criada pelas tuas emoções do passado (as tuas emoções definem as tuas ações). Que é a mesma coisa que dizer que foi criada pelos teus pensamentos do passado (os teus pensamentos definem as emoções que tu sentes). Que é a mesma coisa que dizer que foi criada pelas tuas crenças (Os teus pensamentos surgem daquilo em que tu acreditas). Que é a mesma coisa que dizer que foi criada pelas tuas experiências pessoais + as deduções pessoais que tu tiraste dessas experiências (As crenças que tu tens estão enraizadas nas deduções que tu tiraste daquilo que experienciaste).

Conclusão: Muito cuidado com as deduções que tiras das experiências que tens.

Se tu deduzes que um problema qualquer não pode ser resolvido por ti, tens pensamentos que suportam essa crença e que te levam a ter emoções derrotistas que por sua vez te levam a agir como se efectivamente não pudesses fazer nada para mudar o resultado atual das coisas.

Deduções » Crenças » Pensamentos » Emoções » Ações » RESULTADO.

Portanto já deves ter percebido que, se por outro lado, deduzes que és tu que estás no controlo, acreditas que tens o poder para mudar o teu destino, abres caminho para os pensamentos que te levam a ter emoções positivas e cheias de energia que te levam a agir no sentido de alterar o resultado a teu favor.

Faz sentido?

Mesmo que não consigas todas as vezes levar a tua avante, é inevitável que em muitas outras ocasiões o consigas fazer e essas ocasiões, estariam condenadas se tu não tivesses deduzido que tinhas o poder para as mudar.

Faz sentido?

Mesmo nas vezes em que não conseguiste alterar as coisas, passaste o tempo a tentar, que é o mais importante, e evoluíste com essa experiência. Falhaste mas falhaste com energia positiva, não passaste o tempo armado em velho do restelo a criticar pessoas e eventos externos que nada podem fazer para alterar um problema que é TEU e que SÓ TU podes mudar.

Faz sentido?

Mesmo aquelas coisas que à primeira vista parecem não ter tido a tua influência como por exemplo um cão desobediente ou agressivo são o resultado da fórmula que expliquei acima. Quer o admitas quer não, é (ou foi) a tua atitude que te trouxe tudo o que tu tens á tua volta.

Se queres um resultado diferente do que tens neste momento tens de mudar a TUA atitude.

Se vais agir da mesma maneira que sempre agiste, vais ter os resultados que sempre tiveste.

Não será lógico?

O Encantador de Cães demonstra isto de uma forma simplesmente admirável.

Vê o programa e repara bem que, quando ele chega à casa dos clientes, eles dizem coisas como “o cão comporta-se assim porque…” e depois dão uma razão exterior a eles tipo “é uma raça agressiva por natureza” ou “ele é assim desde que isto ou aquilo aconteceu”. No fundo, tentam “desculpar” o cão pelas asneiras que faz desmarcando-se ao mesmo tempo da responsabilidade que eles próprios têm naqueles eventos.

É óbvio que o Cesar ignora estes comentários e foca-se sempre naquilo que ele sabe que está a provocar aquele comportamento no cão: A atitude do dono. Depois de resolver a atitude do dono, o cão transfigura-se…

Depois do dono corrigir a sua própria atitude, o problema do cão acaba por desaparecer por si só.
O programa de TV prova em todos os episódios que um problema nunca é externo a ti. Tu e o teu problema são indivisíveis, para o resolveres tens de te “resolver a ti” também.

Errar é humano, acusar os outros é fácil.

Antigamente havia contratos de aperto de mão que valiam mais que qualquer contracto moderno de 50 páginas. Hoje em dia está na moda fugir à responsabilidade. As pessoas aplaudem de pé quem vai para a televisão apontar o dedo e esquecem que os acontecimentos que eles relatam são sua responsabilidade também.

Em todo o lado ouvimos pessoas iradas de dedo acusador em riste.

A culpa é do árbitro, que não viu o penalty, a culpa é dos políticos, cambada de corruptos, a culpa é da crise, que não merecíamos, a culpa é do mau tempo, da conjuntura económica internacional e do cú da vizinha do quarto esquerdo. Com menos cú também se caga mulher!

A culpa é do autocarro que chegou atrasado, a culpa é do marido que chegou adiantado... A culpa é da China que nos rouba mão-de-obra, a culpa é do cão que come tudo o que sobra. A culpa é ainda da Sô. D. Adosinda e quem sabe, porque não, do malvado homem do pão.

Mas não nos iludamos meus amigos, porque a culpa é casada e fiquem já a saber que gosta pouco de coboiada! Na verdade ela é total e completamente de quem, de contente, lhe dói um dente… :)

Existe um sem fim de culpas e desculpas que inventamos para fugir às nossas responsabilidades. Seja sobre o nosso cão, sobre a nossa namorada (ou falta dela), sobre a nota miserável que tirámos no teste ou sobre o que quer que seja que se passa na nossa vida.

Elas estão de tal modo entranhadas na nossa forma de ser e são tão apoiadas pela sociedade que às vezes mesmo procurando conscientemente é difícil encontrar os locais onde estamos a usar desculpas esfarrapadas para justificar as nossas falhas e a nossa passividade. Por isso a próxima vez que tiveres um problema pensa para ti mesmo: “Que papel é que eu tive ou estou a ter no resultado final deste evento?”, “De que forma é que eu contribuí para que ele aparecesse?” e mais importante “O que é que eu posso fazer AGORA para o resolver?”. Depois de responderes a estas questões mentaliza-te do seguinte:

Se existe algo que possas fazer para resolvê-lo, óptimo! Pára de reclamar e de acusar a Tia Adosinda e vai fazer isso.

Se não existe nada que possas fazer, paciência! Pára de reclamar e mentaliza-te que isso não vai melhorar as coisas.

Se tem solução, porque te queixas? Se não tem solução, porque te queixas?

Às vezes olhamos para o nosso cão e vemos um cão agressivo, desequilibrado e mal comportado quando aquilo que existe 100% das vezes e aquilo que devíamos ver é um dono que não sabe lidar com ele. De igual forma, às vezes olhamos para a nossa carteira e vemos um pobretanas quando aquilo que existe é simplesmente alguém que ainda não decidiu ou que ainda não se motivou o suficiente para aprender a ganhar dinheiro. Às vezes olhamos para um político e vemos um corrupto, quando aquilo que existe é alguém que votou inconscientemente ou que não exerceu a sua cidadania da melhor forma.

Estás a ver a diferença entre culpar eventos externos e assumir a nossa cota parte de responsabilidade?
Tens que entender que não vale a pena arranjar desculpas e tomar de uma vez por todas as rédeas do teu destino. Se os cães fossem agressivos por natureza então eles não se comportariam de forma submissa e respeitosa com os “Cesares Millans” deste mundo. Se os pobres nascessem das circunstâncias da vida não haveria carradas de exemplos de homens que foram da sarjeta ao topo do Empire State Building, como existem. Se a culpa da crise fosse dos políticos corruptos no poder a culpa de ter havido briga entre os dois gatos que tu fechaste dentro de uma caixa de papelão, era dos gatos...

Faço-me entender?

Os cães, tal como as pessoas, sentem e absorvem a tua energia e é isso que define como eles se comportam à tua volta.

Às vezes é difícil falar sobre um conceito não palpável como a energia mas se vires qualquer um dos episódios do Encantador de cães, as coisas começarão a ficar verdadeiramente claras na tua cabeça.
Podia continuar a descrever como o programa é espetacular mas o melhor mesmo é vê-lo sempre que possas  ;)

Manda-me uma mensagem a dizer o que achaste e de que forma isso mudou a tua maneira de estar na vida.

Um abraço!