domingo, 4 de dezembro de 2011

A maior fraqueza dos homens

Para não dizerem que sou injusto ou machista, hoje vamos falar do calcanhar de Aquiles de nós, homens :)

Mas atenção, isto não serve para mostrar como os homens são uns merdas egocêntricos tal como o anterior post não serviu para mostrar que as mulheres são umas cabras dramáticas.

A ideia aqui é trazer consciência para a tua vida. Tentares identificar os padrões do ego na tua forma de estar na vida enquanto homem ou mulher porque a única forma que existe de superares as tuas limitações é ganhares consciência de que elas existem. Qualquer profissional da área te dirá que o 1º passo para superares um problema é tomares consciência (ou admitires) que ele existe. Se não reconheces que tens um problema ou limitação então nunca farás nada para o tentar resolver porque, para todos os efeitos…ele não existe. Faz sentido? Fixe.

Então qual é o ponto fraco do típico homem?

A mente (identificação com os pensamentos).

De um modo geral todos nos identificamos com os pensamentos mas os homens abusam.

Do ponto de vista evolutivo podemos olhar para estas limitações da mulher e do homem como um apego ao 2º e 3º níveis, respectivamente. Se bem te lembras DESTE post sabes que 1º temos o cérebro Reptiliano (Funções vitais – Lidar com os estímulos na hora), 2º o Límbico (Emoções – Lidar com os estímulos com base no passado) e o actual nível de evolução da humanidade é o 3º Neo-Cortex (Mente – Lidar com os estímulos com base no futuro).

Atenção que eu não estou a querer dizer que as mulheres são “inferiores” ou têm menos valor por se identificarem com o 2º nível e os homens com o 3º. Para se atingir o 4º nível (Espírito) é necessário dominar todos os outros níveis abaixo. Não importa se dominas todos menos o 2º ou todos menos o 3º, sem os dominares TODOS não vais subir de nível de consciência.

Então e o que significa identificar-se com os pensamentos exactamente? Ok, prepara-te que isto agora vai ficar um bocadinho freeky!... :o)

Bem, quando tu nasceste os teus pais deram-te um nome certo? Fixe.

Nas primeiras vezes que as pessoas te tratavam por esse nome tu provavelmente ficavas como um burro a olhar para um palácio, tipo “Mas porque é que toda a gente insiste em repetir este som sempre que eu estou por perto”. Passado uns tempos lá acabas por descobrir que aquele som, aquela junção de letras, é o teu nome. Para todos os efeitos passa a ser quem tu és. Ou seja, tu deixas de te identificar com quem realmente és e passas a identificar-te com um som ou a imagem de uma palavra: “Carlos”, por exemplo.

E passas a defender o teu “bom nome” como se de ti próprio se tratasse. Se alguém diz que o Carlos Albuquerque é um paspalho de primeira apanha, tu entendes isso como um ataque a ti próprio…mas é apenas um ataque a um som, ou a uma imagem. É uma ilusão. É uma tentativa de ataque a um pedaço de oxigénio impulsionado e comprimido pela boca e língua das pessoas.

Uma vez que aprendes-te desde cedo a identificares-te com coisas que não são quem tu és, simplesmente continuas a senda pela vida fora, inconscientemente. Passas a identificar-te com um novo carro, com um estilo, com um telemóvel, com uma equipa de futebol, com o teu corpo, com a imagem que as outras pessoas têm de ti e com um milhão de outras coisas. Esse carro, essa equipa de futebol e esse telemóvel, na tua cabeça, passam a ser quem tu és tal e qual como se passou com o teu nome. Se alguém fala mal deles tu defendes essas coisas como se fosses tu próprio que estivesses a ser atacado.

É uma partida da mente.

E, principalmente os homens, andam neste carrossel a vida inteira sem dar por isso. Adoram manter uma imagem de “Macho-Man” associando-se a grandes carros, grandes desafios e grandes…bem…grandes “tudo”. Juntam-se em bandos grandes e vão a um grande estádio chamar grande cabrão a um senhor de negro. Ou então vêm o jogo na TV atrás de uma mini-sagres e no fim dizem “Ganhámos o jogo”. Como diria o Tony Robbins: Tu não fizes-te nada pá! Tu viste outros fazer :)

Tu dizes “Ganhámos o jogo” porque pensas que uma determinada equipa de futebol (um conjunto de pessoas) é quem tu és. Por isso é que te incluis a ti próprio na vitória sem ter feito nada para isso. Se essa equipa perde tu sofres porque julgas que essa equipa és tu. Se alguém diz que essa equipa é uma cambada de coxos, tu entendes isso como um ataque pessoal e defendes-te da mesma forma que te defenderias se alguém dissesse que tu és um estafermo. Tu procuras a tua essência no exterior. Associas-te a uma imagem, no teu entender, grandiosa, para que possas, dessa forma, ser grandioso também.

Mas deixa-me dizer-te que isso é um erro. Isso só vai fazer com que vivas uma vida disfuncional e vai obrigar-te a procurar constantemente a tua identidade nas “coisas” ou nas “entidades” que são vistas como valorosas ao longo do tempo. Isso é um erro também (e principalmente) porque quem tu és, na realidade, já tem todo o valor do mundo…simplesmente tens de reconhecê-lo…encontrá-lo.

“Não procures Deus à tua volta, ele está dentro de ti”

Todas estas associações são no intuito de preservar uma imagem que tens na tua cabeça sobre aquilo que tu achas que um homem é.

O meu conselho? Se és um homem, em vez de tentares definir o que é um homem…olha para ti próprio :) vais ver que é bem mais fácil do que ires à tua mente buscar a imagem ou o conceito do que um homem deve ser e que te foi lá colocada por anos e anos de preconceitos e ideias peregrinas.

Geralmente os homens entendem que ser um homem significa ser um “durão”. Quando vão na rua, olham para as mulheres como se lhes fossem arrumar uma cabeçada…e embora acredite que algumas Sado-maso possam apreciar o confronto :) a maior parte das mulheres não se vai aproximar por genuíno medo.

É comum também, tentarem passar a ideia de que se a mostarda lhes chega ao nariz, rebentam com o focinho de qualquer um que se lhes atravesse na frente. Tudo serve de desculpa para andar à porrada e mostrar ao mulherio como são fortes e saudáveis mais ou menos como quando dois alces se encontram e encaixam as hastes uns nos outros em luta pela amada que tem todo o prazer em assistir ao dramático e empolgante espectáculo.

É esta a identificação com a mente que tanto mina o comportamento dos homens.

Há uns tempos ia na rua e apercebi-me disto mesmo em mim próprio.

Ia a andar normalmente num passeio relativamente curto e comecei a notar que, se viesse uma mulher no sentido contrário na mesma linha que eu, não tinha qualquer problema em desviar-me. Se fosse um homem…bem, digamos que até podia fazê-lo mas ficava sempre com a sensação de que ele tinha ganho a “batalha” e sentia-me como que diminuído.

Se és mulher provavelmente estás a agora a pensar “mas que grande parvoíce” :)

E realmente é. Este tipo de ilusões é típica dos homens. Se és homem tenho a certeza que sabes perfeitamente do que eu estou a falar.

Isto é a identificação com a imagem de “bad-boy”, isto é a identificação com a mente e com os pensamentos. “Porque é que hei-de ser eu a desviar-me?”, “Se eu me desviar ele vai pensar que eu sou um banana qualquer”, “Não posso dar parte de fraco”,etc, etc, etc. É tipo aquela cena que vês nos filmes em que dois carros aceleram um contra o outro a ver quem é que se desvia primeiro. Se nenhum se desviar morrem os dois mas pelo menos a imagem de bad-boy fica intacta…é óbvio que isto é uma parvoíce e é preocupante no sentido em que há homens que estão mesmo dispostos a morrer para preservar uma ilusão na sua mente.

Concluindo: É verdade que a emoção e o drama são a fraqueza das mulheres mas não é menos verdade que são, ao mesmo tempo, a sua maior força pois a emoção e espontaneidade é uma das coisas que faz uma mulher SER uma mulher. Faz parte da sua natureza e está intrinsecamente ligado às suas funções biológicas maternais e estritamente femininas. Com os homens passa-se exactamente a mesma coisa. A identificação com a mente e com o corpo (a forma) é a nossa maior fraqueza mas foi através dela que muitas das coisas que existem hoje e que nos ajudam enquanto seres humanos e enquanto comunidade se tornaram possíveis. Só fazendo uso continuo e absoluto das nossas capacidades mentais foi possível chegarmos à lua ou construir o foguetão que nos levou lá. Nada disto era possível sem a mente.

Então o que se passa aqui? Afinal a emoção e a mente são coisas boas ou más?

Bem…nem uma coisa nem outra. O verdadeiro problema não é a emoção ou a mente. O verdadeiro problema é nós IDENTIFICARMO-NOS COM ELAS. O verdadeiro problema é nós pensarmos que SOMOS as nossa emoções ou que SOMOS a nossa mente e os nossos pensamentos.

A ideia é utilizarmos a mente e as emoções em nosso proveito e não o que tem sido até aqui, deixando a mente e as emoções governarem os acontecimentos a seu bel-prazer. Dar rédea solta às emoções e aos pensamentos é que é o problema. É como ter um motor de 400 cavalos num carro sem volante...o poder está lá mas poder sem controlo não tem nenhuma aplicação útil . Ele não usa a estrada, ele vai sempre em frente até encontrar um muro de betão.

Além disso o “bom” e o “mau” não existem.

Perguntar se as emoções ou a mente são coisas boas ou más é a mesma coisa que perguntar se um lápis é uma coisa boa ou má…

Que me dizes? Tens o lápis em boa consideração? :)

Ok, um lápis talvez seja difícil de por de um dos lados mas por exemplo…uma arma de fogo. Que me dizes de uma arma de fogo?

Provavelmente achas que uma arma de fogo é uma coisa “má”, certo? But guess what: O “Bem” e o “Mal” não existem. Não há nada intrinsecamente bom ou mau. Estes termos foram inventado pela nossa mente que muito gosta de catalogar e classificar as coisas. Para a nossa mente uma arma de fogo não pode ser só uma arma de fogo. Sem etiquetas. Sem bom ou mau. Simplesmente um arma de fogo. Ela tem que ficar associada (mais associações) aos eventos (maioritariamente violentos, claro) em que participou. Mas isso não é a arma! Isso são os eventos em que ela participou... As pessoas consideram que a arma é má não porque a arma em si seja efectivamente má mas porque esteve envolvida em cenas violentas.

Na verdade muito poucas armas mataram alguém, geralmente é sempre uma pessoa por detrás dela…

As armas não se juntam e decidem assaltar um banco.

É por isto que as campanhas para reduzir a quantidade de armas são, em grande parte, uma perca de tempo e dinheiro. O problema nunca foi nem há-de ser a quantidade de armas à disposição mas sim a vontade das pessoas as usarem…

Armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas.

E porque é que as pessoas (principalmente homens) continuam a usar armas? Porque isso lhes dá um poder astronómico. Porque retiram grandiosidade disso tal como o fanático de futebol retira da sua equipa. Como? Repara,

Aqui está uma pessoa qualquer:


E aqui está a pessoa mais importante da tua vida:


Viste como é que, em meio segundo, alguém passou de um “Zé Ninguém” para “Deus todo-o-poderoso” que decide se tu vives ou morres?

É esta a ilusão da mente que tanto nos aflige. O homem julga que com uma arma ou com um grande carro passa a ser mais homem do que na verdade é. Ele tenta transferir a imagem que a arma ou o carro têm, para si próprio. Ele julga que a imagem de poder e de mauzão vai impedir as pessoas de lhe fazerem mal e vai ganhar o respeito delas. Ele julga que a imagem daquilo a que ele se associa, é quem ele é. Ele julga que os pensamentos que ele tem são quem ele é.

Mas ele não é nenhuma dessas coisas…ele não é uma equipa de futebol nem um carro, isso é exterior a ele. Ele não é uma imagem de poder, ele É o poder. Ele não é um pensamento ou uma emoção, ele é aquilo que está por detrás do pensamento e da emoção. Se ele fosse um pensamento, ele não podia ter consciência de que estava a pensar porque um pensamento não pode pensar por ele próprio. Para haver um pensamento, tem que haver um pensador.

Tu és esse pensador! Não és uma imagem ou um conceito na cabeça do pensador nem és a emoção que percorre o corpo do pensador.

Também não és o corpo do pensador embora o uses temporariamente para conseguir viver nesta dimensão.

Tu és consciência pura.

É isso que tu és. E é esta a ÚNICA verdade absoluta do universo. TODAS as outras verdades são verdades relativas porque todas provêm desta verdade base.

E é essa a tua missão na terra: Ganhar consciência.

Quando suficientes seres humanos tiverem suficiente consciência a humanidade ultrapassará o nível de consciência da mente para formar algo que, sinceramente, não faço ideia como se irá manifestar.

Nem importa. A única coisa que importa é que evoluímos. Tudo o resto é paisagem.

Se passarmos o ponto de não-retorno e não conseguirmos evoluir na janela de tempo que o universo nos dá, estamos condenados. O que, do ponto de vista global, acaba por ser indiferente…porque eu sou humano e se olhar para dentro de mim, vejo que isto é só a minha mente a querer perpetuar a espécie humana.

É como as campanhas para salvar o planeta terra. São tudo balelas.

O planeta terra já resistiu a impactos de asteróides com mais de 200km de diâmetro, gases venenosos que encobriram todo o globo e mataram tudo no seu caminho e sabe-se lá o quê mais.

A última coisa que preocupa o nosso planeta é vir a transformar-se numa grande rocha árida e cinzenta.

O planeta terra não precisa de ser salvo, nós é que precisamos!

Bem…o post já vai longo e por hoje ficamos por aqui. Hoje entrámos um bocadinho em áreas mais obscuras e complexas que são muito complicadas de por em palavras…em todo o caso espero ter conseguido ser claro o suficiente e peço desculpa se por ventura fui duro demais nalgum trecho, não é minha intenção magoar ninguém.

Se houver alguma parte que precise de explicação extra, deixa-me um e-mail em

labirintotransparente@gmail.com

prometo responder a todos.


E agora para terminar em beleza... :)

Macho Man by Village People on Grooveshark