domingo, 17 de janeiro de 2010

És feliz ou és rico?

Todos nós já ouvimos falar no PIB (Produto Interno Bruto). Para quem não sabe, o PIB de um país é a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços produzidos num determinado período. O PIB é um dos indicadores mais utilizados para determinar o crescimento económico de um país.

Todos os analistas usam este elemento para definir se um país é desenvolvido ou não.

Mas...

E se em vez do PIB houvesse um FIB (Felicidade Interna Bruta)?

Altamente não? :)

Ok, isso é um bocadinho fora de contexto...ninguém se lembraria agora de...hmmmm...

mas...

espera lá...

oh diabo!
                

E se em vez de medirmos os países por aquilo que eles são capazes de produzir e consumir e passarmos a dar mais importância à forma como eles fazem isso?


O que importa se a China tem o 3º maior PIB do mundo se ao abrirem a boca para falar mal do governo são abatidos que nem animais?

Alguém me explica?

O que importa terem a maior taxa de crescimento económico do mundo se isso é construído por intermédio de trabalho forçado em turnos de 20 horas?

O que importa se essas fábricas fazem o país avançar e ter lucros astronómicos se, em muitas zonas, andar na rua sem uma máscara é assinar a sentença de morte prematura?


O que importa se vivem numa cidade futurista com telemóveis que tu só vês nos filmes se o avanço tecnológico implica doenças que antes nem existiam e as pessoas são oprimidas, vivem tristes, angustiadas e desorientadas e se taxa de suicídio rebenta com a escala?

O que importa?

Nada. Não importa para nada.

A quantidade sem qualidade não tem nenhum valor.
  
O PIB só mostra como somos materialistas. Darmos importância ao PIB acima de tudo é dizer ao mundo que não importa se uma pessoa é feliz ou vive a vida que sempre quis. Não importa se ela é culta e educada nem se está contente com o rumo que o país segue. Desde que ela produza e consuma está tudo certo.

Não, não está.

E quem te disser o contrário tem interesses nisso.

O incrível disto tudo é que produzir à maluca nem sequer é lucrativo...


A ganância dos nossos governantes não os deixa ver uma coisa muito, muito simples: Pessoas descontentes produzem menos do que podem e o que produzem é de pior qualidade.


Farto-me de ver empresas onde as pessoas são pressionadas a trabalhar que nem robôs. Em muitas fábricas os patrões espetam com um cronometrista ao pé do trabalhador.

Isto é ou não é de doidos?



Caríssimos patrões abusadores deste país, não é preciso tirar um Doutoramento em Harvard para perceber que uma pessoa sob pressão trabalha pior...


Quando uma pessoa trabalha sob pressão intensa e stress, adoece mais vezes, logo falta mais vezes, comete mais erros no seu trabalho, logo há mais gastos com reparações e a imagem da empresa é afectada o que traz menos clientes, quem é pressionado a produzir começa a detestar o trabalho, logo se puder arranjar outro arranja, o que por seu lado aumenta os custos com a formação, o que por seu lado implica menos produção uma vez que estão constantemente a por pessoas novas que precisam de tempo para se adaptarem e atingirem o seu pico de produção, o que por sua vez....


It's all bad baby!

Para quê continuar nesta saga da quantidade que só enterra o país?


Que tal começarmos a dar mais importância à qualidade das nossas vidas? Que tal tentarmos atingir um FIB maior que o PIB se também é isso que aumenta o nosso NIB? :)


Poder ter uma educação de qualidade não tem preço.

Poder ter um trabalho onde me sinto realizado não tem preço.


Poder dizer o que me apetece sem levar um balázio no buxo não tem preço.

Poder correr, saltar, gritar, respirar e sentir o sol bater na minha pele não tem preço.

Poder rir à gargalhada sem nenhuma boa razão para isso não tem preço. 

Ser feliz não tem preço!



"Content makes poor men rich; discontentment makes rich men poor". - Benjamin Franklin





David Veríssimo
planeta.marte@portugalmail.pt ou planeta.venus@portugalmail.pt 

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