sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Quanto darias para que nunca te mentissem? – 3ª parte: As pernas e os pés

No post anterior comecei por dizer que muito poucas pessoas param para pensar no que é que as suas mãos estão a fazer/comunicar, e isso é bem verdade mas…que dizer então dos pés? É que se as mãos nos passam relativamente ao lado, os pés são completamente ignorados pela grande maioria das pessoas.

Na verdade quanto mais afastada do cérebro uma parte do nosso corpo se encontra, mais dificuldade temos em nos aperceber do que está ela a fazer. A parte que mais temos consciência é o nosso rosto, de seguida estão os braços e as mãos, depois o nosso tronco e estômago, depois temos uma noção mínima das nossas pernas e, finalmente, os nossos pés são pura e simplesmente esquecidos, ignorados e deserdados. Eu se fosse um pé pontapeava regularmente a outra perna só naquela de marcar presença :)

Este facto é importante para quem quer dominar a leitura de linguagem corporal porque quanto mais inconsciente for determinado gesto, mais “verdadeiro” ele é. Podes estar a falar com alguém que mostra um sorriso afável e aparentemente verdadeiro e de repente notas que um pé dele está a apontar para a porta ou está a bater repetidamente no chão ou ainda que está muito agitado balançando-se e dando pequenas estocadas no ar. Isto sãos os pés a tentar “fugir” daquela situação. É como teres uma tartaruga virada do avesso a dar freneticamente às patas numa tentativa de sair daquela situação.

Como vês, nada disto é por acaso. Ninguém resolveu um dia, começar a atribuir significados a determinados gestos feitos com determinada parte do corpo. Tudo isso tem que ver com a sua função anatómica inerente. E a função anatómica dos pés é “ir” portanto é exactamente isso que eles transmitem.

Dito de outra forma…repara bem, as pernas evoluíram na espécie humana para servir 2 objectivos:

1º Deslocar o corpo para a frente a fim de obter comida.

2º Deslocar o corpo “para trás” a fim de fugir dos perigos.

Isto significa que os pés revelam constantemente para onde a mente quer ir. Seja porque desejam seguir em direcção do que mente quer obter, seja porque desejam escapar da situação em que a mente não quer permanecer.

As pernas e os pés ilustram ainda quão determinada a pessoa está ou não em a sair dali:

Posições de pernas abertas ou não cruzadas mostram uma atitude aberta e posições de pernas cruzadas mostram uma atitude fechada ou incerteza.

No que diz respeito aos membros inferiores, existem 4 principais posições de pé:

Em sentido


Esta é uma posição formal que demonstra neutralidade. Não diz se a pessoa quer ir embora ou ficar. É tipo um “não comento”.

Pernas Afastadas

Este é um gesto maioritariamente masculino que diz alto e bom som “Não tenho a menor intenção de sair daqui”. Como é o caso de um duelo, por exemplo.

É utilizado com o propósito de exibir a zona púbica e destacar os órgãos sexuais. Pretende comunicar dominância e grande virilidade. (Também existe a versão sentada).

Os cowboys, policias e os “Macho Men” em geral gostam muito de adoptar esta posição e por vezes realçam-na pendurando os polegares no cinto ou nos bolsos da frente.

A imagem anterior mostra também a posição número 3: Pé para a frente.

Esta é uma posição muito utilizada por pessoas de elevado estatuto. Na foto, os dois durões das pontas sustentam todo o peso do corpo numa só perna enquanto a outra aponta para onde a mente quer ir. Neste caso as pernas dos dois cowboys apontam claramente para aquele que, certamente, será o líder do grupo mostrando interesse, aceitação, união e grande harmonia. Resumindo, se a pessoa aponta a sua perna directora (a que não tem o peso do corpo) na tua direcção, isso será um bom indicador mas…

se a aponta na direcção da porta, talvez estejas a causar pouca impressão.

Bem, a 4ª e última posição são as pernas cruzadas.

Ao contrário das pernas afastadas, as pernas cruzadas demonstram uma atitude fechada, submissa ou defensiva. A atitude de cruzar as pernas nega simbolicamente o acesso à zona genital e, como já disse antes, é por isso que as mulheres de saia ou minissaia, estando na óbvia necessidade de o fazer, passam muitas vezes a ideia de “inacessíveis”.

(Abro aqui um parênteses só para dizer às senhoras que, feitos de forma certa, alguns cruzares de pernas conseguem não ser encaixados nessa categoria. Seja como for, a maioria dos homens gosta mais de mulheres que, por vezes, cruzem as pernas. Tem é de ser da forma certa atenção…

Ou seja, se o fizeres de uma forma distintamente feminina vais ganhar MUITOS pontos atractivos acredita…as pernas de uma mulher são um elemento chave de todo o processo. Aliás, TODA a tua linguagem corporal deve ser DISTINTAMENTE feminina. É isso que vai atrair um homem distintamente masculino. Nos homens o cruzar de pernas é menos aceitável porque eles não usam saias curtas (alguns…) e apenas existe uma ou outra versão desse gesto que atrai as mulheres. Mas nessas ocasiões, normalmente a mulher é mais atraída pelo desafio e pela incerteza que do que o homem está a comunicar do que propriamente por estar verdadeiramente atraída por ele. O melhor exemplo que te posso dar é uma versão de pernas cruzadas, altamente conhecido, treinado e usado entre os chamados “Pick up Artists”:


Esta é a capa de um livro escrito por aquele que é considerado o “pai” dos pick up artist, um homem chamado Neil Strauss. Repara na posição do homem mostrado na capa do livro dele. Repara na posição das suas pernas. Sejas homem ou mulher, ao olhares para esta pose, deves sentir-te estranhamente atraído por ela certo? É que esta posição não foi escolhida ao acaso…eu próprio testei várias vezes esta espécie de “posição quatro” e digo-te já que, principalmente as mulheres, ficavam tudo menos indiferentes…uma vez durante uma festa, imediatamente após a efectuar, uma conhecida que estava por ali e com quem praticamente nunca falava, virou-se para mim de forma perfeitamente automática e veio falar comigo com um sorriso na cara que não lhe conhecia. Então o que raio se passa aqui?

Bem, o que se passa aqui é que este agrupamento de gestos transmite algo que atrai sobremaneira as pessoas (Principalmente as mulheres): Incerteza. Talvez nunca tenhas pensado nisto mas as pessoas são atraídas aos biliões para coisas incertas. Pensa nas slot machine por exemplo…pensa no totoloto, no euromilhões e nas raspadinhas, pensa nos stand up comediants, pensa nos tópicos de conversa que as pessoas têm, “Será que ele me ama?”, “Será que o gajo é gay?”, “Será que ele vai conseguir marcar o penalty?”. Repara que os desportos que mais adeptos têm são os desportos onde reina a dúvida. O futebol é um autêntico antro de dúvida e está constantemente rodeado de polémica. Um penalty raramente é visto com consenso. Há demasiadas variantes relativas. Por outro lado, no atletismo, por exemplo, praticamente não existe dúvida. A pessoa ou salta por cima da trave ou não salta, não há meio termo, a pessoa ou corta a meta em primeiro lugar ou não corta. A incerteza mantém o nosso cérebro constantemente em estado de alerta e de euforia por não conseguir descortinar o que vai acontecer a seguir. A emoção da incerteza, tal como qualquer outra emoção, é tão ou mais viciante que uma droga.

Ok, explicado isto, falta responder a duas questões: Em que sentido é que o gesto mostrado na capa do livro transmite incerteza? E de que forma isso atrai as mulheres? Bem, já sabes que pernas cruzadas negam simbolicamente o acesso à zona genital e já sabes que pernas abertas transmitem “Não tenho a menor intenção de sair daqui”. A “posição do quatro” fica entre estas duas vertentes. É verdade que as pernas não estão abertas mas também não estão perfeitamente cruzadas…é um cruzar de pernas com muito pouca convicção. Assim ficamos com a frase simbólica “Estou inacessível mas vou ficar por aqui, não vá eu mudar de ideias com o desenrolar dos acontecimentos”.

Para já, uma mulher acha estranho um homem, dizer de livre vontade “Não estou disponível para ter relações com uma mulher”, depois, das três, uma: A afirmação em si, é sinal de que é um homem selectivo e de qualidade, de que é comprometido ou de que é homossexual. É exactamente esta dúvida que atrai a mulher e é isso que ela vai tentar saber. A 1ª situação seria fantástica para ela, as restantes seriam péssimas. É a possibilidade de “lhe sair” a 1ª opção e é a dúvida que ela tem se isso vai ou não acontecer que a faz avançar para ele. A dúvida que lhe assombra a mente e com a qual ela tem dificuldade em conviver é a causadora da atracção).

Existem muitas variações de cruzar de pernas e seria impossível falar sobre todas. Mais uma vez sugiro que vás para a rua observar e aprender.

Quando uma pessoa se sente muito desconfortável ela pode mesmo cruzar tanto as pernas como os braços. Antes de tentares dizer algo de relevante a essa pessoa tens de lhe abrir a linguagem corporal. Uma técnica eficaz é dar-lhe algo para segurar. Isso obriga-a a descruzar os braços. Conseguires conversar com alguém na posição de braços e pernas cruzados é tão difícil como conseguires conversar com um pudim flan enrolado em papel de parede cor-de-rosa. Não há comunicação possível. É uma autêntica perca de tempo.

Cruzar os braços e as pernas é uma atitude defensiva que geralmente revela emoções negativas e falta de auto-confiança, acabando mesmo por levar as pessoas que o rodeiam a sentir-se desconfortáveis e a experimentar sentimentos negativos.

Ok, por agora vamos ficar por aqui. Espero que esta informação te tenha sido útil e que te tenhas divertido tanto como eu naquela parte em que tive de procurar no Google imagens de “pernas afastadas”… :)

Na 4ª parte vamos continuar no mesmo registo. Envia-me as tuas sugestões, opiniões e dúvidas para:

planeta.marte@portugalmail.pt ou planeta.venus@portugalmail.pt

Votos de um fim-de-semana HIPER-FABULOSO!

David Veríssimo

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Quanto darias para que nunca te mentissem? - 2ª parte: Os braços e mãos

Já reparas-te que, uma pessoa inteligente, tende a ser boa a manipular objectos com as mãos? Porque será que isso acontece? Hmmm… Sabias que existe um maior número de conexões entre o cérebro e as mãos do que com qualquer outra parte do corpo?

Neste momento, as mulheres estão todas aos saltos a gritar: “Mentiroso! Mentiroso! Há uma parte do corpo do homem que tem mais conexões com o cérebro, chegando mesmo a controlá-lo!”
Hey, meninas então?…Tenham lá calma. Os…aaaaa…pulsos…também podem ser considerados parte da mão… :)


Ok, mas as mãos têm realmente sido, ao longo da evolução humana, as mais importantes “ferramentas” do homem. Isto fez com que o papel delas na linguagem corporal espelhe precisamente isso:

Nos seres humanos, as mãos são usadas para comunicar Dominância, Igualdade ou Submissão.

Muito poucas pessoas param para pensar no que é que as suas mãos estão a fazer/comunicar, nomeadamente na forma como dão um aperto de mão quando cumprimentam alguém. No entanto os cinco a sete movimentos que têm lugar quando isso acontece determinam quase instantaneamente quem é o dominador, quem é o dominado ou se ambos querem a mesma cadeira.

Então de que forma as mãos mostram se o dono quer dominar ou ser dominado? A resposta é: Com as palmas.

Palma da mão para baixo (escondida)= dominância, autoridade. Palma da mão para cima (exposta) = Submissão, atitude não ameaçadora.

Os exemplos de versões palma da mão para cima e para baixo são muitos. Nos tempos dos gladiadores, as palmas das mãos expostas eram usadas para mostrar que não se escondia nenhuma arma. Quando os casais vão na rua de mão dada, podes ver qual é o parceiro dominante esquecendo o que eles aparentam e observando qual é o que tem a palma da mão virada para trás ou para baixo. Normalmente verás que são os homens.


Algumas vezes verás igualdade.


E de vez em quando descobres uma ou outra mulher a comandar o barco…


Ah! E às vezes não vais conseguir perceber o que raio que se passa ali :)


Se julgas que as pessoas põem as mãos como calha na altura, experimenta pesquisar nas imagens do Google e encontrar uma mulher com a palma da mão para baixo…tens que admitir que é muita coincidência.

Pensa também nos juramentos que são feitos em alguns tribunais. A pessoa levanta o braço e expõe a palma da mão direita para que toda a gente a possa ver.


Tal como os cães expõem a garganta ao seu adversário quando desejam mostrar submissão ou que não são uma ameaça, os humanos expõem as palmas das mãos. Se queres descobrir se alguém está a ser honesto, aberto e sincero contigo, repara nas exibições das palmas das mãos dele.
Mas não te baseies exclusivamente nisso. Lê a frase toda. A maioria dos políticos hoje em dia, trabalha com um profissional de imagem que lhe diz que gestos ele deve fazer para poder passar a ideia de “confiança”, “seriedade”, “sinceridade” e por aí fora. Os que têm esse profissional, mostram muito as palmas das mãos quando falam. Saddam Hussein é um excelente exemplo disso. Para mim, não há dúvidas que todos os gestos dele eram pensados ao milímetro para passar a ideia de abertura e sinceridade. Ele tinha um gesto “palma exposta” muito característico propositadamente para esse fim:



Ele chegou mesmo ao ponto de colocar esse gesto na estátua que mandou erguer, dele próprio. O gesto passou a ser a sua imagem de marca:


Mas interessante foi, notar que durante o julgamento e devido à exposição clara e intensa a que foi sujeito, Saddam Hussein acabou por não conseguir esconder a sua verdadeira linguagem corporal e mostrou ao mundo a sua real personalidade. Apontava para cima, apontava para baixo, apontava para os lados e apontava em frente. Quando se fartava de usar o dedo apontava com canetas. Esta passou a ser a sua nova imagem de marca: Apontar.


Tanto apontou que chegaram a agarrar-lhe no braço numa tentativa de evitar tanto “apontanço”.


Se a ideia era calá-lo, talvez fosse mais eficiente tapar-lhe a boca (digo eu) mas a pessoa parece dar mais importância ao insistente dedo ameaçador. Isto prova que as palavras importam muito menos do que pensamos.

Talvez a mãe nunca lhe tenha dito que apontar é feio…ou, se disse, fê-lo enquanto brandia o seu dedo indicador no ar… :)


Esta, para mim é a imagem que resume esse julgamento:


O ditador mostrando um punho fechado ameaçador e o juiz, (mais que habituado a lidar com toda a espécie de ameaças) expondo as palmas das mãos, mostrando que não tem medo dele. Confirmou-se…não tinha.

Resumindo esta história toda do dedo.


Dedo apontado = “Faz o que eu digo, senão…”

Neste gesto o dedo é usado como uma espécie de cacetete imaginário, com o qual a pessoa que o usa, bate simbolicamente no ouvinte, induzindo-o à submissão. Este é um dos gestos mais incomodativos que se podem fazer. Podemos também ver neste gesto a ânsia de dominar mostrada pela palma-escondida implícita, do mesmo.

Ou seja, a palma da mão escondida pode ser encontrada em muitos gestos do quotidiano.

As mãos nos bolsos por exemplo são uma vertente da palma da mão escondida e mostram claramente que não se quer falar. Originalmente, manter as mãos nos bolsos era semelhante a manter a boca fechada. Se tens algum amigo que goste especialmente de esbracejar, pede-lhe que tente falar de mãos nos bolsos e vais ver como ele fala muito menos e de forma menos expressiva. Isto acontece devido a uma coisa chamada “lei de causa e efeito”. Ou seja, os gestos influenciam directamente as emoções. Se uma pessoa está a falar de forma aberta e sincera ele exibirá as palmas das mãos e o simples facto de ter as mãos expostas dificultar-lhe-á alguma tentativa para mentir convincentemente. Tal como o gesto de cruzar os braços lhe dificultará as tentativas de falar abertamente com alguém, começando inclusivamente a experimentar sentimentos negativos.

As versões mais conhecidas da versão palma-exposta (ou palma para cima) e palma-escondida (ou palma para baixo) são as de Jesus Cristo e Hitler, respectivamente:


Já imaginas-te este gesto feito com palma para cima?


Não fazia lá grande impressão pois não? :) Parece que está a pedir uns trocos para uma sandocha que ainda não comeu nada hoje…se o homem se lembrasse de o utilizar certamente que ninguém o teria levado a sério.

Hoje em dia, quem quer conquistar o mundo também costuma repetir o famoso gesto…


Os militares têm também um gesto palma para baixo que usam para se cumprimentar uns aos outros como que dizendo “Eu tenho muito poder”, “Eu também!”.


Portanto, se queres demonstrar poder, domínio, autoridade, etc, deves utilizar versões de palma da mão para baixo. Se queres demonstrar afabilidade, sinceridade, abertura, etc, deves utilizar versões da palma da mão exposta.

Que fique bem claro que as expressões que demonstram domínio vão trazer-te muitos problemas se forem mal utilizadas…Uma expressão destas só será aceitável, por exemplo, no caso de uma interacção em que tu fosses o patrão e a outra pessoa o teu subordinado e mesmo aí é preciso não abusar. Demonstrar domínio tem as suas vantagens mas apenas quando utilizado em situações muito especificas. Se conheceres alguém pela primeira vez deixa-te de joguinhos de poder da treta e mostra-te afável, aberto, honesto e de igual estatuto com vertentes palma da mão para cima e palma da mão vertical.


Como disse no inicio as mãos comunicam 3 gestos de comando principais: Dominância, Igualdade ou Submissão. Ou seja, existe uma 3ª parte que ainda não falámos, a tal palma da mão vertical. A palma da mão vertical cria harmonia e igualdade. (Tal como na 3ª imagem deste post)

Agora que conheces o impacto das 3 versões, falemos no aperto de mão e na relevância que eles têm nesse gesto. Depois de leres isto vais saber o que as pessoas que te cumprimentam com um aperto de mão querem de ti independentemente do que elas digam verbalmente.

Esta informação tem um valor incalculável mas como eu sou um coração de manteiga vou deixar-te ficar com ela por uns míseros 50.000€. Liga-me e pede-me o NIB. Logo que confirme o depósito envio o resto do post. Se tiveres dificuldades podes pagar em 2 suaves prestações de 32.000€ + IVA. Se ligares já, ganhas ainda dois pacotes de El Casei Imunitasse e um rolo de 100 metros de arame farpado.



Acho que já estou a escrever à demasiado tempo…

Bem, agora que já fui tomar um duche gelado vamos lá continuar :)

Exemplos de apertos de mão em que uma das parte tenta dominar a outra:
Como podes ver, o homem da camisa às riscas inclina ligeiramente a mão na tentativa de fazer uma palma para baixo e comunicar ao outro que tem mais poder que ele e que deve ser ele a comandar. Ele pode fazer isso consciente ou inconscientemente e, da mesma forma, a pessoa a quem é dado este aperto de mão, entende imediatamente a mensagem, quer disso se aperceba ou não.

Na próxima imagem, Obama assume a posição submissa uma vez que o seu oponente John McCain consegue uma pequena inclinação, suficiente para efectuar uma palma para baixo. Mesmo que essa inclinação não existisse, daria na mesma a sensação que assim era, pois McCain está posicionado do lado esquerdo da foto o que faz com que as costas da sua mão fiquem visíveis dando ilusão de palma para baixo ao observador comum. Além disso, é fisicamente mais difícil a quem dá o aperto de mão do lado direito da foto, assumir a posição de poder. E não só é mais difícil como em certos casos aparentaria ser gay, logo, na esmagadora maioria das vezes, quem é percepcionado como o dominador é a pessoa que se encontra do lado esquerdo na foto.


Desta feita, Sarkozy, assume uma posição muito mais clara de Domínio, enquanto Lula da Silva expõe as palmas e assume claramente a submissão.


Esta é a posição mão-vertical que deves utilizar no dia-a-dia, quando cumprimentas alguém. Não há inclinação para nenhum dos lados, logo existe igualdade:


Nesta foto, existe também igualdade mas podes ver uma mão no cotovelo. Isso significa que são pessoas que já se conhecem e têm até uma relação relativamente próxima.


Na verdade, quanto mais longe do pulso a mão esquerda for posicionada no braço direito da outra pessoa, mais intimidade e profundidade de sentimentos ele quer transmitir. Existem quatro variações: Mão no pulso, Mão no cotovelo, Mão no Braço e Mão no Ombro, sendo que num aperto de mão, a mão no ombro é a versão mais intima. Sem nunca ter conhecido as pessoas que se seguem é relativamente seguro afirmar que eles se conhecem há muito tempo e são grandes amigos, uma vez que existe o à-vontade necessário para invadir o espaço pessoal da outra pessoa e demonstrar abertamente uma grande intimidade efectuando a mão-no-ombro. Esta ideia é confirmada por todos os restantes sinais não verbais: Mão vertical, palma exposta, sorriso sincero dos olhos, etc, etc, etc:


Nenhuma destas variações é aceitável a não ser que já se possua verdadeiramente a intimidade respeitante a cada nível. Se não tens nenhum vinculo pessoal ou emocional com a outra pessoa limita-te a usar um aperto de mão simples, com a palma completamente vertical e dando a mesma intensidade de aperto que receberes.

Antes de terminar, um apontamento especialmente dirigido ás mulheres: Tal como expliquei no post sobre quem deve iniciar a interacção, as mulheres devem separar o comportamento social do profissional. Num contexto social, deves usar os gestos de submissão/feminilidade mas num contexto profissional isso seria absolutamente desastroso. Isso não significa que nessas alturas tenhas que te comportar como um homem, basta que evites alguns sinais de submissão mais relevantes como por exemplo mini-saias, apertos de mão frouxos, saltos altos, etc. Num contexto sério de trabalho, as mulheres demasiado femininas perdem credibilidade e são literalmente impedidas de se afirmar no meio.

O post já vai longo…mas só o tema “mãos” daria para mais uns quantos posts. Para já, julgo que ficas-te munido de excelentes ferramentas para decifrares os mistérios das mãos.

Na 3ª parte vamos continuar a desvendar os mistérios desta linguagem incrivelmente fascinante…até lá…may the force be with you!



David Veríssimo

domingo, 9 de agosto de 2009

Quanto darias para que nunca te mentissem? - Linguagem corporal revisitada

Para inicio de conversa vou dizer que a linguagem corporal é, sem sombra de dúvida, um dos temas mais interessantes e úteis que podes aprender em toda a tua vida. Há uma grande ignorância no que diz respeito a este tema porque embora todo o mundo faça uso dele diariamente, fazem-no inconscientemente. Ilustrativo desta realidade é o facto de apenas termos começado a investigar verdadeiramente esta linguagem ancestral há uns míseros 50 anos…Aprender sobre este tema ímpar, é mais ou menos como ter estado toda vida fechado numa cela e de repente começar a notar que não há guardas nas redondezas e que inclusivamente a cela é feita de papelão. Ler um texto de alguém que conheça bem o tema é estar naquilo a que eu chamo de um “constante estado de EUREKA!”, por isso se chegares ao fim do grupo de 2 ou 3 posts que vou colocar sobre este tema com a sensação de “no big deal” isso só pode significar duas coisas:

1.º Tu não percebes-te patavina do que eu escrevi. (Shame on you…)

2.º Eu não percebo patavina do que escrevi. (Adiante, adiante)

A maioria das pessoas continua a acreditar que a fala é a nossa principal forma de comunicação mas, na verdade, ela só faz parte do nosso repertório comunicacional, do ponto de vista evolutivo, há pouco tempo sendo fundamentalmente usada para transmitir factos e dados.

A capacidade para ler as atitudes e pensamentos de uma pessoa através do respectivo comportamento foi o sistema de comunicação original utilizado pelos animais e pelos seres humanos durante biliões de anos antes da linguagem falada se ter desenvolvido. Em grande parte das vezes, a vida dos nossos antepassados dependia do facto de eles serem ou não exímios nesta capacidade. Hoje em dia, o facto de já não ser tanto assim e o facto de terem aparecido as palavras, distraíram-nos do que realmente importa.

Seja como for, apesar de dar-mos muito mais importância ao que é dito, continuamos a reconhecer a importância da linguagem do corpo quando falamos:
“Começa com o pé direito”; “Tira esse peso de cima dos ombros”; “Não lhe mostres os dentes”; “vou debruçar-me sobre o assunto” ou “aquela acusação foi difícil de engolir” são tudo frases que demonstram que lá no fundo até sabemos que a linguagem corporal é importante simplesmente estamos mal habituados.

Na verdade, foi provado por intermédio de inúmeros estudos de interacções entre pessoas de todas as raças e credos que numa mensagem, o impacto verbal não ultrapassa os 7% enquanto que a linguagem não verbal representa nada mais nada menos que 93% (Sendo que 38% se deve ao tom de voz, inflexões e outros sons).

Portanto, a primeira ideia a reter é:
A linguagem corporal é MUITO mais eficaz a comunicar do que a verbal. Chega a ser ridículo comparar uma com a outra.

Outra coisa importante que deves saber se és homem é que as mulheres são magníficas leitoras de linguagem corporal (logo, respondem com muito mais intensidade). Elas possuem entre 14 e 16 áreas do cérebro consagradas à avaliação do comportamento dos outros enquanto que o congénere masculino tem entre 4 a 6.

Na mostra de filmes mudos, 90% das dinâmicas não verbais são entendidas pelas mulheres enquanto que os homens assimilam apenas 40% das situações mostradas. Isto é particularmente evidente nas mulheres que criaram filhos pois nos primeiros anos a mãe precisa de se basear de forma quase exclusiva no canal não verbal do seu filho. Devido a esta capacidade as mulheres são, por exemplo, melhores negociadoras e mentem também com menos contradições não verbais o que faz com que raramente sejam apanhadas.

Este faro apurado explica porque é que da última vez que levas-te a tua namorada a jantar ela percebeu rapidamente o estado das pessoas que se encontravam no restaurante. Quem teve uma discussão recentemente, quem gosta de quem, se alguma das meninas ali presentes te lançou um olhar, e por aí fora.

Existem 3 pontos a ter em atenção se queres fazer uma leitura correcta:

1º Lê os gestos por grupos.
Normalmente quando se começa a aprender tem-se a tendência para interpretar os gestos de forma isolada mas isso é um erro. Um gesto isolado pode significar 1001 coisas diferentes por isso tens de o ler conjuntamente com os gestos que o precedem ou antecedem.

Este gesto significa “Óptimo” para os Ocidentais, “Um” para os Italianos, “Cinco” para os Japoneses e “Enfia lá isto!” para os Gregos.

Repara, na linguagem verbal, para formares uma frase que faça, gramaticalmente, sentido tens de ter geralmente 3 palavras. Pronome, verbo e adjectivo. Nota a frase “Eu vou comer”. Se alguém te disser “Vou comer”, “Eu comer“, ou mesmo só “comer”, talvez entendas o que ele te quer dizer mas muitas vezes vai acontecer que depois de o convidares para comer um bitoque ele vai acabar a frase e depois fica tipo “Vou comer aquela gaja”, “Eu? Comer? Nã.” ou “Comer agora não”.
2º Fica atento a incongruências.
Se estivesses a falar com um amigo e ele tivesse os braços cruzados (atitude defensiva) e o queixo para baixo (atitude crítica/hostil) enquanto dizia o quão aberto estava às ideias que lhe descreves-te, o que pensarias? Estaria a sua linguagem corporal de acordo com a sua linguagem verbal?
Quando as palavras e a linguagem corporal entram em conflito, as mulheres tendem a ignorar o que é dito por palavras.
3º Lê os gestos no contexto em que eles são feitos.
Nem sempre o cruzar de braços implica uma atitude defensiva. Se, por exemplo encontrasses esta senhora na rua

provavelmente percebias que ela estava simplesmente com frio.
Com este no entanto,

talvez devesses considerar que ele não ia muito à bola com o que estavas a dizer-lhe.
Fica atento a estas 3 regras pois interpretar mal os gestos é muito fácil. Alguém que dê um aperto de mão frouxo é imediatamente percepcionado como uma pessoa de personalidade fraca mas quem sabe se ele não tem a mão magoada ou se não sofre de artrite? Quem sabe se ele não é um cirurgião, um músico ou um artista qualquer uma vez que usa as mãos como instrumento de trabalho e prefere, em geral, dar um aperto de mão suave para proteger as ditas? As mulheres que usam mini-saias costumam sentar-se com as pernas firmemente cruzadas mas isso não significa necessariamente que ela seja pouco abordável, embora seja essa a ideia inicial que o gesto transmite. Se estás com uma mulher num ambiente escuro e as pupilas dela estão dilatadas, isso, por si só, dificilmente significa que ela se sente atraída por ti.

Todas estas situações são uma minoria mas mesmo assim é preciso levar em conta o efeito que certas restrições físicas, certas roupas ou certos ambientes podem exercer sobre os respectivos movimentos corporais. Como já sabes, é apenas o gesto isolado que te pode levar a ter uma percepção errada, se leres a “frase” toda vais confirmar ou desmentir o que o gesto inicial te comunicou.

Saber ler a linguagem corporal é como ter um polígrafo portátil. Quando falas com uma pessoa ligas o “bicho” e ao longo do seu discurso a agulha vai-te rabiscando o que ele quer MESMO dizer. Isto leva-nos a uma questão importante: É possível enganar este polígrafo portátil? A resposta base é NÃO. Não é possível. Mesmo que tu conseguisses, por intermédio de algum milagre, controlar conscientemente todos os gestos do teu corpo em todos os momentos, os micro-gestos que, não podem ser controlados conscientemente, iriam denunciar-te. Por exemplo, as palmas das mãos expostas estão associadas a honestidade, e qualquer pessoa pode facilmente habituar-se a falar com as palmas das mãos expostas, a questão é que se ele contasse uma alarvidade qualquer enquanto sorria e expunha as palmas das mãos talvez as pregas ao lado dos olhos não se mostrassem…talvez as suas pupilas se contraíssem…ou um dos cantos da boca, ou uma das sobrancelhas se levantasse…ou as mãos ficassem ligeiramente suadas…todos estes gestos e indicadores contradiriam as palmas das mãos expostas e o sorriso. Até porque muitos destes gestos são 100% inconscientes, logo, mais verdadeiros que as palmas ou o sorriso. Tu podes dizer que é muito difícil alguém reparar se ele tem as mãos suadas os se as suas pupilas estão contraídas mas geralmente também não precisa. O inconsciente do mentiroso comunica com o inconsciente da outra pessoa e ela embora sem conseguir explicar porquê, fica com uma estranha sensação de que algo não está certo naquele discurso…

Nenhum impostor consegue fingir por muito tempo. Quando tu queres controlar a força da água e tapas a ponta da canalização com cimento, garanto-te que a água vai arranjar outra maneira de sair…e bem mais ruidosa.

Hitler exterminou milhões judeus para compensar o facto de ser homossexual e de só ter um testículo.

Na 2ª parte deste post vou falar-te em coisas que nunca ninguém te tinha falado antes porque nunca ninguém repara nelas. Finalizo esta primeira parte sem ter entrado em grandes exemplos concretos para que possa agora desafiar-te a ir para a rua e tentares perceber o que a linguagem corporal das pessoas está a comunicar. Toma atenção a todos os pormenores e gestos. Os melhores sítios para ver a linguagem em acção são os sítios onde as pessoas se vejam “obrigadas” a interagir com frequência como os serviços públicos, eventos sociais, etc. Depois de leres o que tenho para te dizer vais conseguir ir para uma festa qualquer, sentares-te a um canto e divertires-te imenso simplesmente a observar todos os rituais de linguagem corporal das outras pessoas. É uma experiência fantástica, estares no meio de uma data de pessoas e seres o único a conseguir observar o que está ali mesmo, à frente de toda a gente!

Ah! E experimenta também ver televisão sem som. Tenta perceber quem é que manda em quem, qual é o papel das personagens, o que é que estão a sentir no momento. De vez em quando liga o som, para confirmares. Isto pode fazer maravilhas pelo teu domínio da leitura de linguagem corporal.

Lembra-te também que, a diferença entre um observador e alguém que só quer passar o tempo é uma caneta e um bloco de notas por isso mãos à obra.

David Veríssimo

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A verdade sobre mim e sobre este blog

Eu estou sempre a falar na “verdade” ou na “responsabilidade” que mais não é do que um assumir da verdade. Mas afinal…que porra vem a ser esta da “verdade”? Ok, é não mentir, certo…mas quê, é tipo eu não tentar ocultar a minha idade? É denunciar um assalto a um banco feito pela minha mãe? É o quê?

Bem, melhor que explicar só fazer.

Chegou a hora de contar a verdade sobre mim e sobre o porquê de ter criado este blog.

Eu criei este blog porque quero que as pessoas me admirem e reconheçam. Quero que saibam o meu nome e me citem sempre que puderem. Quero ser reconhecido como alguém que percebe muito deste tipo de matérias e quero ser mais esperto que qualquer outra pessoa que fale sobre estes temas. Mais precisamente, quero que as pessoas pensem que eu sou mais esperto que qualquer outra pessoa que fale sobre estes temas. Imagino as pessoas a acompanhar o blog, a lerem com grande atenção e entusiasmo os meus posts enquanto têm grandes epifanias com a minha retórica como referência. Obtenho um grande prazer sempre que imagino isso a acontecer. Sinto-me “cheio”, importante, tranquilo e aconchegado, muitas vezes ficando com um sorriso na cara entre o limão e o mel.

Mesmo tendo eu esta fantasia do reconhecimento e admiração não gostava de ser demasiado famoso. Aliás, odeio a maior parte dos famosos e odeio a televisão onde eles aparecem. O comportamento aberrante e disfuncional que as pessoas exibem quando querem mostrar o que não são para as objectivas dá-me vontade de entrar pela televisão adentro, agarrá-los pelos colarinhos e esbofeteá-los à bruta enquanto chamo aquelas carcaças desmioladas à razão.

As perguntas estúpidas que os so called “jornalistas” fazem aos treinadores e jogadores de futebol dá-me vontade de lhes vomitar os lustrosos sapatinhos.

Imagino-me muitas vezes no lugar do entrevistado.

-“Sr. treinador está confiante na vitória para o derby de hoje à noite?”

-“NÃO SEU MERDAS, por acaso tenho esta leve sensação que é como se já tivéssemos perdido. Aliás, já falei com os meus jogadores para entrarem de mansinho porque já que vamos perder não vale a pena acrescentar lesões à humilhação.”

-“Sr. Novo Reforço acha que vai ser uma mais-valia para este plantel?”

-“Nem por isso…as minhas qualidades são bastante discutíveis e não sei até que ponto não seria boa ideia avançar a reforma à cavalgadura que sugeriu a minha contratação.”

Enervam-me os programas cheios de nada para encher chouriços e os que te querem formatar os miolos. Odeio que o consigam fazer a maior parte das vezes e sinto-me como um atrasado mental quando insisto em conversar com as pessoas que vêm estes programas. O histerismo colectivo barato e, basicamente, a poça de mediocridade em que estão enterrados até ao pescoço, enoja-me.

Odeio um monte de pessoas da TV e adoro odiá-los porque sei que por pior que eu possa estar, nunca na vida estarei tão fucked up como eles. No way José.

Que prazer dá uma fantasia de malícia! Que prazer dá uma fantasia de indignação justificada! Quando tenho estas fantasias sinto uma pontada de energia a crescer no meu estômago que acaba a radiar por todo o corpo. É como quando ouvia os relatos de futebol taco-a-taco no meu pequeno rádio a pilhas.

Bem, recapitulando: Eu quero ser reconhecido e admirado. Eu estou zangado e farto de tretas. Eu obtenho prazer ao sentir que tenho mais razão do que qualquer um de vocês, loosers. Eu quero provar que tenho mais razão que tu nos temas da atracção e evolução pessoal, ensinando-te coisas sobre eles. Muito poucas pessoas têm uma remota ideia do que isto seja, portanto também é uma excelente oportunidade de me destacar.

Eu também quero ser uma pessoa boa e honesta. Eu decidi ir em busca da verdade mesmo que tenha de entrar em cavernas escuras e assustadoras. Eu quero ajudar o máximo de pessoas possível. Muitas vezes imagino-me como o “salvador” e adormeço a imaginar-me a salvar-te da mediocridade da tua vida. Eu imagino-me a ajudar-te a salvar-te a ti e a toda a gente do mundo. Eu gosto de acreditar que estou a fazer a diferença e adoro trabalhar para isso. Nas alturas em que fantasio isto, costuma aparecer a tal pontada de energia dos relatos de futebol. Muita vezes sinto-me também seguro e acarinhado tal como o meu pai me fazia sentir quando eu era bebé. Este blog aconchega-me em fantasias.

Eu acredito que a única maneira de saíres da prisão da tua mente e, consequentemente, de fazeres algo construtivo com a tua vida é dizeres a verdade sem espinhas.

Eu quero fazer grandes quantidades de dinheiro como consequência directa ou indirecta de ter desenvolvido este blog. Eu quero que muitas pessoas queiram vir falar comigo e quero que me vejam como alguém que as pode ajudar a sair do poço em que se encontram.

Eu quero ficar rico para poder viajar mais, conhecer mais pessoas, escrever mais, dar mais e fazer aquilo a que se convencionou chamar de “trabalhar”, menos vezes. No geral, quero comprar mais qualidade de vida para mim e para os mais próximos de mim e fazer o que me dá prazer.

Este blog serve para clarificar a minha mente e os meus pensamentos. Sempre que escrevo um post novo aprendo algo que não sabia quando o comecei a escrever e por momentos, sinto que estou a fazer exactamente o que devia estar a fazer. É uma sensação difícil de descrever. É um enorme prazer que preenche todos os poros da minha pele.

Eu não estou só a tentar demonstrar a ideia de como é dizer a verdade. Eu tenho mesmo todas as fantasias, pensamentos e poses que descrevi e tenho grandes orgasmos mentais com eles.

Recapitulando: Eu quero ser reconhecido e admirado. Eu estou zangado e farto de tretas. Eu quero ser um bom homem. Eu quero ser rico. Eu quero ajudar as pessoas. Eu quero clarificar os meus pensamentos. Portanto é isto.

Mas todas estas coisas que eu quero são, ao mesmo tempo, falsas. São mentiras. Não existem. São trampa de boi. Elas fazem-me sentir bem mas a maior parte das vezes fazem-me mal. Por isso eu não as quero mas sei que preciso de as sentir e de as expor antes de me poder ver livre delas.

Eu digo-te as minhas fantasias e algumas fazem-te pensar que eu sou uma boa pessoa enquanto que outras te fazem pensar que eu sou uma má pessoa, mas todas elas são calculadas para te fazer pensar que eu sou uma pessoa excepcional. Se eu te mentisse tentando vender-te apenas as fantasias que te fazem pensar que eu sou uma pessoa excepcionalmente boa e tu comprasses essa ideia, talvez eu me conseguisse convencer a mim próprio. O único problema é que eu conheço o sacana que te vendeu a ideia logo de inicio…

Portanto, nesta altura, mentir acerca da verdade escondida por trás da verdade seria tropeçar na minha própria perna. Como aconteceria, se eu agora mentisse tentando esconder o facto de ter as tais fantasias de grandiosidade para que não pensasses que eu sou um convencido de merda com o rei na barriga e deixasses de visitar o meu blog. De qualquer forma digo-te já que, se andas à procura de um blog que não seja escrito por um sacana destes, tens uma longa busca à tua frente…

Qualquer marmelo que tenha um blog ou que escreva um livro é um megalómano neurótico, tal como eu.

A maioria dos escritores conta apenas as fantasias que os fazem parecer pessoas excepcionalmente boas e quando conta uma aparentemente ruim é só isso que ela é: aparentemente ruim. Portanto, das duas uma, ou a maioria dos escritores são perfeitos ou a maioria dos escritores são uns aldrabões do caraças e estão presos na sua própria mente. Vou deixar ao teu critério.

Tu, de igual modo, estás preso dentro da tua mente, na secção “cobardolas politicamente correcto”, se imaginas que és uma boa pessoa por não dizer à tua mulher que quando tens sexo com ela, costumas pensar na sua irmã. Ou por não lhe dizeres que quando mencionas-te as 134 namoradas que tiveste antes dela, estavas a contar com as 133 revistas Hustler que tens debaixo da cama. Ou ainda por não contares à tua mãe que daquela vez quando tinhas 13 anos em que ela te deu uns acoites, a sopa do jantar ganhou um sabor extra amarelado.

Isto é estar tão perdido no labirinto da ilusão que poucas chances há de se chegar a ser um homenzinho.

Como diz o bonequinho da TMN: Deita cá para fora! Diz à tua mulher/namorada, toda a verdade acerca das tuas fantasias com todas as mulheres da família, incluindo os familiares directos. Diz-lhe que afinal aquela Finlandesa top-model que lhe tinhas dito que andava atrás de ti a babar-se de excitação, afinal era só um empreiteiro de Aljustrel a quem devias 2.000€, conta-lhe tudo aquilo com o qual te sentes embaraçado/nervoso e por amor de deus conta à tua mãe sobre a sopa.

Se a verdade for dita vais aliviar tensões que nem sabias que tinhas e vais perceber que o mundo afinal também não acabou, nem morreu ninguém. Muita da ansiedade que tens deve-se a verdades que insistes em esconder a fim de um bem maior que nunca chegas a alcançar verdadeiramente. Parece que estás quase, quase lá mas nunca consegues tocar-lhe.

As depressões provêm deste tipo de verdades não ditas num país das fantasias mais real que a própria vida. É necessário saberes distinguir as fantasias da realidade e é necessário que as mostres ao mundo tal e qual como elas são para que possas ver claramente como são ridículas e sem sentido, desprendendo-te assim delas. Se lhes dás demasiado valor não as conseguirás deixar sair da tua mente. Tens de chegar a um patamar em que não te importas se as pessoas acham que tu és um louco ou um génio. Para te veres livre desta doença tens de dizer a verdade sem filtros mais ou menos como as crianças o fazem antes de perderem a inocência.

Se nunca ficas-te verdadeiramente envergonhado sobre o que tinhas para dizer sobre ti e se nunca te ris-te da tua própria vergonha não sabes peva sobre evolução ou sobre dizer a verdade.

Uma mentira dá-te a ideia de teres ganho alguma coisa mas só a curto prazo. Para quem vê o quadro completo nota que não só não te beneficiou em nada como ainda te atrasou. Por exemplo, se usas uma cunha para passar à frente dos outros podes pensar que também não é assim tão grave fazer meia-dúzia de pessoas esperar uns míseros 5m mas se calhar também não é assim tão importante ganhares 15m de tempo que provavelmente irás desperdiçar logo a seguir. O problema maior é que custa muito às pessoas entender que os 15m que alguém quis ganhar fez desencadear sentimentos negativos em muita gente e fez começar a rolar uma bola de neve que acabou em coisas como a corrupção e a violência.

A corrupção só existe porque um dia alguém se lembrou de corromper alguém.

As pessoas queixam-se que o país está como está por causa de fulano tal em vez de assumirem a responsabilidade que lhes cabe. É que é muito fácil falar mal, por exemplo, das gasolineiras e dizer que a poluição causada está a dar cabo do ambiente mas logo a seguir ir encher o depósito como se não se passasse nada e levar o carro para o café que fica a 200m.

Mas voltando ao tema da corrupção eu pergunto: Valeu a pena ganhar os tais 15m para meter um país na ruína? Vou deixar também a questão no ar.

Continuando.

Este blog nasceu das minhas fantasias. Ele nasceu para me permitir criar um futuro que não será o que eu imaginei que fosse quando ele acabar por se materializar. Seja como for, é bem mais produtivo e divertido criar e partilhar a partir da fantasia do que ocultá-la para ser criado por ela.

Dizer a verdade é uma merda do caraças, eu sei. Tens de estar constantemente atento ás rasteiras da mente, tens de dizer constantemente o que constantemente tentas esconder e não tens férias, feriados ou fins de semana.

Vantagens? Para além da evolução pessoal, da prosperidade, do sentimento de liberdade, do respeito que ganhas, etc? Bem, ao dizer as minhas fantasias alto e bom som, queimei-as. Ao contar a toda a gente aquilo que tinha medo que se soubesse, deixei de ser controlado por esse medo.

A maneira de ultrapassares o medo do que quer que seja é fazeres repetidamente aquilo que te mete medo.

Repara, ao revelares mais, tens menos a esconder, certo? Se tens menos a esconder, tens menos medo que se descubra. Se tens menos medo que se descubra, podes prestar mais atenção às outras pessoas e podes direccionar mais energia para criares a realidade que queres para ti em vez de gastares energia a sentir-te amedrontado, tenso e preocupado.

Dizer a verdade é a base principal para se criar intimidade com alguém. Não é a mentir e a fazê-la pensar que és o super-homem que a vais fazer apaixonar-se por ti, é a dizer a verdade! Podes enganar uma mulher durante algum tempo mas não vais conseguir enganá-la o tempo todo e essa preocupação vai consumir-te e trazer-te mais problemas do que julgas possível. Além disso, pensa lá bem, se a fazes acreditar que és algo que na verdade não és, mesmo que ela se sinta atraída, ela estará atraída não por ti mas pela imagem que tu montas-te de ti. E um dia que não consigas ou não possas mais manter a ilusão (e esse chega sempre), ela vai dar de caras com uma pessoa que não conhece de lado nenhum.

Lembra-te, não é possível criar uma relação íntima de qualidade com uma imagem projectada. Tens de deixar cair a máscara. Como diria Brad Blanton: “A aparência de uma vida bem sucedida está para uma vida bem sucedida como o menu está para uma refeição”.

Achas que podes dar-lhe a comer o pedaço do menu onde está escrito “Lombo Assado no forno ---- 9.5€” em vez do lombo, propriamente dito, e ela não notar diferença?...Mas mais importante: Achas que isso faz algum sentido?

Portanto, não te contar sobre as minhas fantasias de poder, dinheiro e reconhecimento talvez me ajudasse a manter a pose de “expert” e talvez impedisse que pensasses que é apenas mais um marmanjo que decidiu desenvolver um blog mas, hey, só aqui entre nós os 296 e os que hão de vir: É só mesmo mais um marmanjo que decidiu desenvolver um blog!

Ok, para finalizar, dizer apenas que se estás interessado na verdade deves, definitivamente, aprender os ensinamentos de um senhor chamado Brad Blanton. Este post é descaradamente baseado em parte do que o homem tinha para dizer no livro “Radical Honesty”.

Fica com mais esta pérola dele que pode ajudar-te na tua busca da verdade:

”Bullshit is like heroin (or a warm blanket or money in the bank or life insurance) it feels so good and protected and safe and warm that even if you do choke on your own puke, you don’t mind so much. The alternative, freedom, is often too terrifying for a mind to tolerate, so the mind hides from freedom behind piles of bullshit, under blankets of evaluation, in a bed of memories”.

Deixa a verdade guiar-te;

David Veríssimo