quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Porque é que é o cão que abana o rabo e não é o rabo que abana o cão? – 2ª parte

É interessante notar que a própria raiz da palavra “emoção” é “movere”. ”Mover” em latim + o prefixo “e” para denotar ‘afastar-se’, indicando que uma tendência para agir está implícita em toda a emoção.




E se numa dada situação não for necessário/lógico agir? E se numa dada situação tivermos de agir ao contrário do que sentimos que queremos fazer com todos os poros do nosso corpo?...



É aí que entra a inteligência emocional, que serve como uma espécie de travão aos impulsos imediatos, não pensados.



Antes de mais nada definamos o conceito: I.E. consiste na habilidade de enfrentar e resolver uma situação emocionalmente instável com sucesso. Basicamente, é aprender a controlar as emoções para que elas trabalhem a nosso favor e não, como é hábito, o contrário, fazendo com que tomemos decisões inadequadas e irracionais.



Para usares o conceito precisas de conhecer os domínios do mesmo. Aqui estão alguns dos que eu considero serem mais importantes.



GESTÃO DE SENTIMENTOS:



Auto-consciência: Conhecer as tuas próprias emoções, reconhecendo um sentimento assim que se manifeste, sendo capaz de distinguir entre sentimentos.



Não é por acaso que este domínio aparece em 1º lugar... A capacidade de nos apercebermos e distinguirmos os nossos estados de espírito e emoções, é a chave para o autoconhecimento e constitui a base do comportamento emocionalmente inteligente.



O que quer que queiras dominar, precisas antes de conhecer. É assim fundamental conheceres e rotulares os sentimentos.



Sempre que estiveres nervoso, feliz, irado, grato, ansioso, etc, pára uns segundos para dares conta do sentimento que te invade. Toma a máxima atenção a como te sentes quando experimentas o sentimento para identificares padrões e reacção na tua vida emocional e ganhares consciência do que acontece contigo nessa altura.



Verbaliza as emoções em diversas situações do dia-a-dia (”Sinto-me como...”). Esta é a melhor forma de as trazeres do teu inconsciente (onde não as podes usar) para o teu consciente (onde podes moldá-las à tua vontade).



Auto-motivação: Habilidade de criar sinergias (somar todas as partes acrescentando um valor maior que o valor unitário de cada uma delas) entre os sentimentos e direccionar-se para uma meta (de preferência anteriormente definida);



Auto-Aceitação: Uma personalidade derrotista é um empecilho e conduz a uma percepção deturpada da realidade que não te vai favorecer. (Como já aqui afirmei antes, uma personalidade optimista conduz igualmente a uma deturpação da realidade mas com a diferença que esta sim, favorece.)



Para ganhares auto-aceitação precisas de ter um discurso interior positivo, nunca alimentar pensamentos negativo/destrutivos por mais pequenos e insignificantes que eles te pareçam. Podes ver que ganhas-te auto-aceitação quando começas a rir de ti próprio.



GESTÃO DE RELACIONAMENTOS:



Empatia: Reconhecer sentimentos nas outras pessoas, entrando em sintonia com as suas manifestações verbais e não-verbais (ATENÇÃO: Desde que sejam positivas!). Aqui é crucial a extrospecção para poderes utilizar, por exemplo, a tua linguagem corporal.



Basicamente é saberes usares o “radar emocional” para perceberes o que as outras pessoas estão a sentir e quais são as suas intenções.



Envolve também aptidões mais sociais - é saber o que dizer e em que momentos, de modo a que as interacções com outras pessoas sejam efectivas e ambas as partes recebam o que querem e precisam. E muita atenção caros amigos! Isto não inclui a capacidade de manipular os outros...;



Dinâmica de grupo: Cooperação. Saber como e quando liderar e quando ser liderado.



Comunicações: Ser um comunicador nato, curiosamente implica saber ouvir. Se bem que é também igualmente importante saber fazer questões sobre o que se ouviu. Para isso tens de ter genuíno interesse no que está a ser dito. Falar com alguém para passar o tempo ou no intuito de ser amável e educado não deve estar nas tuas prioridades.



Abertura: Ser sempre genuíno, transparente e honesto com toda a gente. Valorizar a franqueza e imprimir confiança nas relações que escolhes ter.

Saber distinguir entre aquilo que alguém faz ou diz e os juízos de valor que as pessoas retiram daí.





Esta informação que acabei de partilhar contigo é a tua porta de entrada para o mundo do controlo das emoções. USA-A.



Pela minha experiência, o mais difícil de entender costuma ser que



na verdade, o problema, não é o verdadeiro problema. O verdadeiro problema, é a forma como as pessoas olham o problema.



Confuso?



Repara, se o problema fosse mesmo um problema, então, estando nas mesma circunstâncias, toda a gente reagiria exactamente da mesma forma (mal). Faz sentido?



Se reagem de forma diferente à mesma situação isso só pode querer dizer que a diferente reacção se deve à diferente perspectiva.



Aí está.



A inteligência emocional, tal como a própria evolução pessoal e tantas outras coisas na vida, é tanto mais apurada e ajuda-nos tanto mais a atingir os nossos objectivos quanto mais nós fazemos por ter a perspectiva mais vantajosa.



É vantajoso ver o lado mau das coisas?



Ora aí está uma excelente pergunta. Vamos falar um pouco sobre o incrível, o inigualável e o estapafúrdio SÍNDROME DA VÍTIMA.



Yeah! Este síndrome é mesmo do best. 



Este síndrome implica um sentimento de que, forças externas estão a causar coisas negativas na vida da pessoa e fá-la ver a vida como uma experiência passiva que lhe acontece em vez de uma activa em que ela administra o poder.



Ora, o que ganham as pessoas em se fazer de coitadinhas?



Muita coisa. Na minha opinião 5 delas fundamentais:



É a resposta fácil para lidar com dificuldades. Se costumas ver jogos de futebol ou o canal parlamento já sabes que jogar o jogo do empurra e culpar outra pessoa é sempre mais fácil do que aceitar a responsabilidade que nos cabe no que corre mal na nossa vida.



É uma excelente desculpa para não mexer o rabo. Quando a vítima és tu, não tens de te esforçar para tentar mudar as coisas. A culpa não foi tua...porque quererias mudá-las?



Atrai simpatia alheia e atenção negativa. (que sempre é melhor que ser ignorado...)



Permite quantidades massivas de manipulação. Aqueles que vivem toda a vida como vítimas geralmente tornam-se peritos a manipular os outros através da culpa e da emoção. Alguns aprendem a contar histórias de suspirar para se aproveitarem da boa natureza das pessoas que darão um suporte emocional á vítima enquanto põem a culpa nos outros usando-a subsequente para terem o que querem.



É uma excelente desculpa para não mexer a mente. Permite o uso ilimitado do pensamento irracional, emocional e automático que, como já vimos antes é o mais fácil de se fazer. É a lei do menor esforço em acção. Raciocinar logicamente dá um trabalhão do caraças e por vezes gera algumas conclusões dolorosas...



Tudo na vida tem um lado bom e um lado mau, a responsabilidade de escolher qual o lado a ser focado é única e exclusivamente tua.



A responsabilidade de tomar o lugar de vítima, ou não, é tua.



A guerra entre a razão e a emoção é ganha por quem tu decidires, basta quereres.



Pensas que tens problemas na tua vida? Pensa de novo.



Não existem problemas, existem acontecimentos a que as pessoas atribuem conotações negativas para posteriormente se focarem nelas a fim de obter uma das 5 vantagens acima descritas. Esse é o verdadeiro e único problema.



Os problemas da tua vida foste tu que os criaste ao não adoptares a perspectiva certa. Como foste tu que os criaste também podes ser tu a fazê-los desaparecer.



É difícil? Ui...nem queiras saber.



É compensador? Vou deixar que sejas tu a decidir isso...





David Veríssimo



Sem comentários: