Já sei que custa muito às mulheres engolir aquela história de que os homens são infiéis por natureza e não sei quê e acham que é tudo uma grande patranha que a malta inventou só para poder andar por aí a dar orgasmos a estranhas sem sentimento de culpa, por isso, a pedido de muitas famílias, hoje vou contar em detalhe a história de Adão e Eva (Versão sem tretas).
Bem, antes de mais deixa-me dizer-te que para isto fazer sentido tens de acreditar numa coisa chamada “Teoria da Evolução” magistralmente explicada por senhores como Charles Robert Darwin ou Richard Dawkins. Se não acreditas também não há crise nenhuma mas já agora lê o post e quem sabe acabas a ler uma das coisas mais interessantes que já leste até hoje...
Há biliões de anos atrás nasceu arbitrariamente uma pequena molécula no meio das milhentas reacções químicas do planeta que tinha uma capacidade incrível: Reproduzir-se a ela própria. Esta capacidade fez com que cada vez aparecessem mais e mais moléculas mas inevitavelmente ocorreram erros no processo que criaram cópias imperfeitas que, de alguma maneira, eram diferentes da molécula original. A maior parte destas variantes provavelmente nasceram sem a capacidade de se reproduzirem a elas próprias tornando-se assim nas únicas moléculas daquela espécie. Algumas, no entanto, não só se conseguiam reproduzir a elas próprias como para além disso tinham também uma outra pequena vantagem ao fazê-lo. Ou porque o faziam mais rápido que as outras, ou porque o faziam mais vezes que as outras, ou porque gastavam menos energia ao fazê-lo, etc. Seja qual fosse o caso, elas reproduziam-se de forma mais eficiente que as suas criadoras e com o passar do tempo, as moléculas com essa pequena vantagem acabaram por ser mais que as moléculas originais.
Eventualmente, mediante este processo, as moléculas transformaram-se em genes. Os genes evoluíram através do processo de reprodução, sendo os genes originais periodicamente substituídos por genes que desenvolveram uma pequena vantagem na arte da reprodução. Foi assim que se passou de minhoca para cobra, foi assim que se passou de lagarta para borboleta, foi assim que se passou de peixe para baleia e foi assim que se passou de macaco para homem. Ou seja, o macaco reproduziu-se um número infindável de vezes até que as falhas do processo produzissem os genes com uma pequena vantagem em relação aos macacos. Apareceu então o homem que nasceu desse erro no processo de reprodução e que tinha a vantagem de ter um 3º cérebro (ver post anterior) que lhe permitia raciocinar logicamente e usar isso para desenvolver coisas que os faziam ter sexo mais vezes, como por exemplo o humor. Até aos dias de hoje, os genes fazem tudo o que fazem porque isso os ajuda a fazer cópias deles próprios. Ou dito de outra maneira, o teu cérebro foi desenhado para se certificar que tu tens o máximo de sexo possível.
Isto implica 2 factos chave:
1º A nossa mente, tal como existe hoje em dia, apenas existe porque nos torna melhores a fazer a tarefa para que fomos desenhados. Se tentarmos impedi-la de fazer a sua função estamos a colocar entraves na nossa evolução biológica. É impossível ter um controlo 100% consciente sobre ela porque ela serve a necessidade empírica de auto-reprodução que foi o que nos criou há biliões de anos e é a razão principal da nossa mente existir da maneira que existe.
2º Há milhões de anos de evolução que nos impelem a reproduzirmo-nos através do sexo. Uma vez que a atracção é aquilo que nos leva a ter sexo, ela está firmemente ligada à biologia resultante dessa história evolucionária.
Mas tu agora podes perguntar: “Espera lá, se todos os seres humanos foram feitos para se reproduzirem, as mulheres também deviam ser tão ‘obcecadas’ por sexo como os homens, não?”
Hey! Boa pergunta! ;)
A resposta é: E são.
Apenas o demonstram de outras formas porque o papel delas na reprodução não é o mesmo que o dos homens.
As mulheres seriam tão ou mais infiéis se essa opção as penalizasse tão pouco quanto penaliza os homens.
A mulher produz um único ovo por mês enquanto que os homens produzem milhões de espermatozóides todos os dias.
Isto pode não ser nenhuma novidade para ti mas esta diferença levou a que homens e mulheres tenham desenvolvido estratégias de reprodução diferentes. Examinar e compreender os diferentes papéis do homem e da mulher na reprodução, explica o porquê de eles agirem de forma completamente diferente para conseguirem obter a mesmíssima coisa.
Repara bem no que esta diferença significa:
Um homem produz muitíssimos mais espermatozóides do que aqueles que consegue dar conta. Faria então sentido que ele se sentisse compelido a engravidar todas as mulheres que pudesse porque para além de ser o objectivo base dos seus genes isso não lhe teria custado muito esforço ou energia pessoal. E mesmo que nenhum dos filhos sobrevivesse para continuar a espalhar os seus genes, ele podia voltar a fazer exactamente a mesma coisa amanhã e depois de amanhã e depois de depois de amanhã. O homem em 5 minutos de esforço pessoal (Se calhar estou a ser optimista…) cumpre facilmente a tarefa para que foi desenhado. Se fosse possível ao homem desenvolver todos os espermatozóides que ele produz, ele conseguiria repovoar o mundo inteiro numa questão de dias. A energia perdida é mais do que compensada pela quantidade avassaladora de genes que ele consegue produzir todos os dias praticamente sempre que queira.
Por outro lado, uma mulher tem inúmeras condicionantes para se reproduzir. Para já só tem um único útero e esse útero só lhe permite ter uma quantidade muito limitada de filhos. Depois a mulher só é fértil durante um período relativamente limitado da sua vida. Já para não falar nas mudanças físicas e psicológicas que uma mulher passa quando está nessa fase e já para não falar na fase posterior ao nascimento em que ela tem de cuidar do recém-nascido. Ou seja, uma mulher tem de investir MUITO mais tempo e energia que o homem. Nem tem comparação possível...logo, uma mulher tem de valorizar MUITO mais cada ovo devido à quantidade de energia que o papel biológico dela a obriga a gastar.
O homem é infiel porque lhe custa muito pouco fazê-lo.
A mulher é infiel porque valoriza mais os novos genes que a possibilidade de perder o seu namorado/marido.
Com tanta coisa em jogo em cada tentativa de reprodução, uma mulher tem de escolher cuidadosamente a quem se vai entregar e por esta razão, ela desenvolveu estratégias para maximizar a probabilidade de encontrar um homem de qualidade com quem se possa reproduzir. É por isto que uma mulher tem mais interesse num homem de qualidade, sério e honesto do que tem num bonito fisicamente: Porque num homem honesto há mais probabilidades de ele se manter por perto a fim de proteger o grande investimento da mulher e, claro, de a proteger a ela própria. É por isto que elas gostam de testar e confundir o homem: Assim certificam-se que estão a lidar com um Homem a sério e não com um puto com testosterona a mais. Assim certificam-se que os genes dele são de boa qualidade.
Vê bem ao ponto que isto chega, o próprio corpo da mulher adaptou-se para cumprir esta tarefa de selecção: Os espermatozóides menos saudáveis são, literalmente, atacados pelo corpo dela. Os mais fracos são destruídos antes de chegar ao óvulo.
E este é apenas um dos testes que o sexo feminino desenvolveu, para além disto há muitos mais incluindo inúmeros testes psicológicos inconscientes que ela usa para determinar o valor genético do homem. Através de uma série destes testes ela obtém variadas informações que de outro modo não conseguiria obter. E o ter sido inconsciente é muito importante porque significa que não é nenhuma manobra consciente para manipular o homem mas antes um processo de selecção sob o qual ela tem pouco ou nenhum controlo que a natureza feminina desenvolveu para conseguir escolher um homem com bons genes sem ter de se basear em acções que o homem pode controlar conscientemente (Nesse caso a informação perderia valor pois tudo poderia não passar de uma mentira ou encenação do homem). É por isto que se perguntares a uma mulher porque é que ela rejeitou determinado homem sem razão aparente muitas vezes ela dir-te-á que não sabe explicar por palavras, nem sabe dizer de onde veio, simplesmente SENTIU uma impressão muito forte que a levou a fazer isso…
É sabido que Freud morreu com uma única dúvida: O que é que as mulheres querem?
É uma dúvida perfeitamente aceitável, tendo em conta as voltas e reviravoltas que a mulher tem de dar para contornar as manipulações dos genes do homem mas é uma dúvida que não pode ser entendida estudando unicamente a psique humana. Para saber responder à questão, há que entender qual é a razão de existir da mulher. E a razão base da mulher existir é a mesma que a do homem e é a mesma que a das nossas amigas moléculas no inicio da formação da terra: Reproduzir-se. Replicar-se. Fazer auto-cópias contínuas.
Portanto, com a devida vénia ao pai da Psicanálise, eu digo que uma mulher procura 2 coisas: Bons genes e um companheiro que se mantenha por perto para ajudar a desenvolver a criança a fim de um dia ser ela a replicar os genes da família. Hoje em dia sabemos que estas duas necessidades nem sempre são proporcionadas pelo mesmo homem (naughty, naughty)…
Pois é...as pesquisas indicam que 10% das pessoas têm um pai que não é o que eles pensam que é. Isto significa que PELO MENOS 10% das mães arriscaram a segurança e o suporte do marido para poderem ter um filho com outro homem. Tudo porque a mulher valoriza principalmente os genes de qualidade.
Mais ainda...os cientistas descobriram que as mulheres têm muito mais probabilidades de ter um orgasmo quando escolhem ser infiéis ao seu parceiro.
À primeira vista talvez isto não faça muito sentido mas, só à primeira vista. É que o orgasmo feminino aumenta enormemente a possibilidade da mulher engravidar...isto significa que quando a mulher trai não o faz “porque sim” ou porque a oportunidade surgiu, ela fá-lo porque quer os melhores genes possiveis para a sua descendência e a prova é que o seu próprio corpo a ajuda nessa tarefa aumentando as possibilidades de concepção.
Com todas as necessidades nascem formas de as saciar e a mulher desenvolveu estratégias para se certificar (tanto quanto possível) que o homem tem bons genes e que não lhe punha uns patins depois de a engravidar.
É por esta razão que os humanos são OS ÚNICOS do reino animal que têm uma “ovulação escondida”. Enquanto que a maioria dos animais mostram sinais da sua receptividade sexual, como os chimpanzés e o seu rabo inflado e vermelho, as fêmeas humanas não revelam (ou sequer sabem elas próprias) quando é que estão férteis.
Seria de esperar que a mulher fizesse o que resulta para os outros animais que é, mostrar quando está receptiva sexualmente através de uma característica física qualquer que só aparecesse nesse período dando assim a entender ao macho qual é a altura para lhe saltar para a espinha (adoro esta expressão pá…) no entanto ela não o faz…hmmm…estranho…
Mas se pensares bem no assunto faz todo o sentido. Aliás tem obrigatoriamente de fazer sentido pois, como já sabes, na natureza nada aparece e resiste por acaso.
A explicação é que, as mulheres que conseguiam manter os homens por perto, não só no breve período em que ela se encontrava fértil mas também durante o nascimento da criança, tinham mais apoio ao criá-la aumentando assim as suas probabilidades de sobrevivência.
Uma vez que o homem não tem sinais que lhe indiquem quando é que uma mulher está no seu período mais fértil, e como ela pode estar disposta a ter sexo em qualquer altura do ciclo, ele, na dúvida, acaba na mesma por se sentir compelido a ter sexo com ela mesmo “correndo o risco” de o fazer numa altura infértil. Aqui se vê o poder de persuasão dos genes do homem...mesmo quando não há certezas absolutas ele arrisca.
Além disso quanto mais tempo ele estiver longe da mãe dos seus descendentes enquanto ela estiver fértil, mais possibilidades há de aparecer outro macho, ter um filho com ela e assim obrigá-la a dividir a atenção entre os dois. Por isso o homem tende a decidir manter-se por ali mais tempo. E quem fica a ganhar é a mulher e a sua astúcia biológica. :)
Já dizia o meu avô, “as raposas têm 7 manhas e as mulheres têm a manha de 7 raposas.” Ele é que a sabia toda…
Bem, mas esta necessidade de impedir que outros engravidem a mesma mulher que nós foi mais longe e desceu ao nível dos espermatozóides. Parece que apenas 1% do esperma são merecedores de se fazerem á estrada, os outros 99%, que antes se pensava serem defeituosos, sabe-se agora que foram desenhados para lutar com espermatozóides de outros homens!
Epá, isto está a começar a parecer-se com o filme “A Guerra das Estrelas”…
Ok, então os homens têm agora a necessidade de balancear a vantagem de poder ter sexo com muitas mulheres indiscriminadamente com a necessidade de garantir que estão de facto a engravidá-las e que os que nasçam tenham a completa atenção da progenitora.
Afinal não é só farra!
Bem, a noite já vai longa e acho que já deu para ficares com uma ideia de como as coisas funcionam. Haveria MUITO mais a dizer mas para o objectivo deste post, acho que chega. Além disso o blog não deixa inserir posts com mais de 50 000 000 000 000 000 de palavras. :)
Diz-me de tua justiça, põe estas teorias à prova, comenta, grita, envia-me ameaças à integridade fisica, faz o que te der na real gana mas não pares de evoluir:
planeta.marte@portugalmail.pt ou planeta.venus@portugalmail.pt
Saudações biológicas:
David Veríssimo
1 comentário:
lollll
é uma teoria interessante = )
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