A teoria do cérebro Triúnico

Se queres entender como funciona a atracção e ficar até com uma compreensão muito maior do comportamento humano, é fulcral que leias este post com a máxima atenção. Depois de leres o que vem a seguir muitas coisas começarão a fazer sentido.

Um Sr. chamado Paul McLean desenvolveu uma teoria conhecida como “O cérebro triúnico” que reza mais ou menos assim:

O ser humano é produto de biliões de anos de evolução e passou por várias fases no seu desenvolvimento que o trouxeram de, basicamente, animal selvagem até alguém com pensamento abstracto e racional, consciência de si e inteligência. Aqui o nosso amigo McLean distinguiu 3 fases dessa evolução e associou essas 3 fases a 3 partes físicas e palpáveis do nosso cérebro.

A 1ª parte é denominada de “cérebro reptiliano”. Esta parte do nosso cérebro trata das nossas actividades físicas como os movimentos coordenados e resposta a certos estímulos como “dar de frosques” quando se pressente perigo. Trata também das necessidades físicas essenciais e inconscientes como por exemplo respirar, fazer a digestão ou assegurar o batimento cardíaco.
A fase intermédia é o “cérebro límbico”. Este cérebro é o responsável pelas nossas respostas emocionais e podes vê-lo em acção quando o bobi abana freneticamente a cauda por te ver regressar do trabalho ou quando o teu tio, benfiquista ferrenho, grita desesperadamente com uma televisão por causa de um “penalty clarinho”.

É este cérebro que associa bons sentimentos a memórias positivas e maus sentimentos a memórias negativas. Enquanto o cérebro reptiliano nos afasta automaticamente de estímulos negativos e nos aproxima de estímulos positivos que vêm programados instintivamente, o límbico dá-nos emoções para que possamos desenvolver rapidamente uma resposta apropriada a uma nova situação que encontremos. Por exemplo…imagina que ias a andar pela rua e ouvias um estrondo um pouco mais alto que o estrondo de um balão a rebentar. Se só tivesses o cérebro reptiliano, sempre que ouvisses o estoiro ias assustar-te e provavelmente fugirias dali o mais rápido que pudesses. Com o cérebro límbico isso ia acabar por depender do que acontecia a seguir ao rebentamento do balão. Se sempre que um balão rebentasse viesse alguém ter contigo entregar-te uma nota de 50€ (memória positiva) tu ficavas contente (emoção positiva) e ias mudar o teu comportamento na próxima vez que isso acontecesse. Ou seja, o cérebro límbico, através das emoções, permitiu-te desenvolver uma resposta mais adequada à situação. Ao contrário do cérebro reptiliano que, mesmo que passasse por essa situação 50 vezes ia sempre fugir independentemente de haver a tal recompensa de 50€ porque o cérebro reptiliano não tem emoções nem outra ferramenta que lhe permita adaptar-se às situações. Reaje sempre da mesma forma. É o cérebro base e básico.

As emoções são ferramentas em que nós nos apoiamos para decidir o que fazer numa dada situação sem termos que estar dependentes a 100% da resposta física automática e inconsciente do cérebro reptiliano. Evitamos pessoas que nos magoam, sentimo-nos enojados por comidas que nos deixam doentes, expressamos gratidão por quem nos ajuda e sentimo-nos confiantes quando fazemos coisas que sabemos fazer muito bem. Na verdade o cérebro límbico é uma espécie de “fábrica de químicos” porque as emoções não passam disso mesmo: Químicos. Ou melhor, reacções químicas que se dão no teu cérebro e na tua corrente sanguínea. O medo por exemplo. Tu sentes medo porque o teu cérebro produz adrenalina e liberta-a para elevar o teu sentido de vigília e assim deixar-te mais preparado para enfrentares uma situação inesperada ou perigosa.
A mesma coisa acontece com a atracção. O teu cérebro tem preparadas umas bolinhas de químicos na ponta dos neuro-transmissores que, libertará para as sinapses acontecerem, caso os estímulos correctos sejam recebidos. É como aquele jogo onde está um gajo sentado na ponta de uma plataforma que pende sobre um tanque de água: Só quando alguém consegue acertar com a bola lá no pontinho vermelho e com a força apropriada é que a plataforma deixa cair a pessoa a fim de acontecer a humidificação dessa pessoa.

A fase final, na qual o ser humano se encontra, sendo inclusivamente o único ser vivo que chegou a este ponto da evolução chama-se “Neo-cortex”. Este é o responsável por estarmos no topo da cadeia alimentar. Sem este cérebro de certeza que não seriamos nós a dominar as coisas. Este cérebro deu-nos uma consciência e um raciocínio lógico ou argumentativo. É um cérebro incrivelmente versátil que nos permite avaliar antecipadamente o grau de “desejabilidade” de um dado acontecimento. Podemos aprender a evitar a cadeira eléctrica se formos avisados dos seus malefícios ou se virmos alguém sofrer nela, podemos aprender a caçar e a cozinhar a partir de uma explicação lógica que lemos ou nos relataram e podemos “adivinhar” em que segundo vai um foguetão aterrar na lua através de fórmulas matemáticas.

Repara que estes 3 cérebros representam as 3 dimensões humanas:

Reptiliano = Corpo
Límbico = Emoções
Neo-Cortex = Mente

Cada nível que subimos é apenas uma reacção evolucionária mais complexa para lidar com os estímulos. Primeiro desenvolvemos respostas básicas para lidar com estímulos básicos que temos no momento como a fome e o toque. Depois desenvolvemos uma resposta mais complexa para as emoções e sensações passadas como a alegria e a tristeza e finalmente desenvolvemos a fantástica capacidade de prever quais serão as nossas emoções futuras numa dada situação através do pensamento lógico.

O que é importante memorizares nesta teoria é que o novo nível é “construído” em cima do nível anterior. Os 3 cérebros nasceram na nossa cabeça literalmente uns em cima dos outros tal como mostrado na imagem:

Como podes ver, o cérebro reptiliano é o mais pequeno e está “protegido” pelos outros dois uma vez que é ele que assegura as funções vitais do organismo. O límbico forma a “ponte” entre o 1º e o 3º e finalmente o neo-cortex que abrange cerca de 80% do cérebro total, está por assim dizer, “à superfície”.

Portanto, cada um dos cérebros tem a sua função e, se bem que nasceram todos pelo mesmo motivo, infelizmente eles não gostam lá muito de “conversar” uns com os outros. Isto acontece porque cada um tem o seu próprio propósito e muitas vezes o propósito de um, “esbarra” no propósito de outro gerando-se assim um conflito interno. Quando isto acontece a pessoa fica confusa sem saber muito bem como agir porque por exemplo uma parte de si pode estar a dizer-lhe para ir atrás de uma pessoa do sexo oposto porque essa pessoa causa-lhe emoções positivas mas outra diz-lhe que deve evitá-lo porque essa pessoa é conhecida por coleccionar divórcios.

Podemos gostar de pensar que os nossos comportamentos são geridos pela toda-poderosa parte lógica e intelectual do nosso cérebro mas na verdade, os cérebros mais antigos e mais pequeninos é que mandam naquela casa. Isto é o mesmo que dizer que o que tem mais influência nos nossos comportamentos é o Reptiliano, seguido pelo Limbico e o tadito do Neo-cortex, quando esbarra com um dos outros dois tende a levar uma coça monumental. Eu digo “tende” porque de facto existem pessoas que conseguiram desenvolver-se de tal forma que viraram “a mesa” de pantanas. É a isso que se chama “subir de nível de consciência”. Essas pessoas fizeram uso de uma força de vontade gigantesca e aprenderam a não ser controladas pelo 1º e 2º cérebros. Para teres uma ideia de como isso é complicado basta dizer que não ser controlado por eles é ignorar biliões de anos de evolução. É como se te incutissem um hábito qualquer desde o dia que nasceste até fazeres 80 anos e depois pedirem-te para nunca mais o fazeres…aliás é mais difícil que isto porque aqui estamos a falar “apenas” de 80 anos. Agora…lá porque é difícil não quer dizer que seja impossível. Não estou a tentar assustar-te, só quero que não sejas apanhado desprevenido. Se decidires, mas DECIDIRES MESMO, que és capaz e vais fazer o que for preciso para o conseguires, não precisas de mais nada.

A maioria das pessoas vive num nível de consciência baixo (TRADUÇÃO: Deixa-se controlar pelo cérebro reptiliano ou límbico. TRADUÇÃO DA TRADUÇÃO: As decisões que a pessoa toma são baseadas não num raciocínio consciente e lógico mas sim na ânsia do momento ou em automatismos físicos). Este nível de consciência baixo, é também chamado de EGO. Uma pessoa que esteja no nível de consciência do ego é uma pessoa manipuladora porque os cérebros do ego querem o melhor para eles e não olham a meios para o conseguir. Ou seja, há muita manipulação envolvida…principalmente o cérebro límbico arrasta quantidades massivas de manipulação.
Quando não existe conflito de interesses entre eles, o neo-cortex toma o papel de anfitrião e as coisas até correm bem mas, logo que um cérebro mais básico quer alguma coisa que é contrária ao que um mais novo quer, temos problemas…e mais problemas temos quando é o mais velho que ganha quase sempre.

Senão vê só como perdes o controlo no modo “porrada” ou “fugir” quando estás numa situação em que eles despertam. Vê só como é difícil deixares alguém que amas-te durante muito tempo. E vê só quantas vezes deixas o teu neo-cortex justificar o que os outros dois querem fazer em vez de avaliares a situação objectivamente…pois é…estás a pensar que se calhar não devias ter comprado aquele telemóvel tão caro que tu quase nem usas…e se calhar não devias ter dado uma cabeçada aquele rapaz só porque ele olhou 2s para a tua namorada…e se calhar não devias ter sido tão submisso quando permitis-te que aquela rapariga tão gira que conheces-te na discoteca te “depenasse” a carteira com pedidos de tantas bebidas só porque ela achava que tu eras um “querido” e te fazia olhinhos de carneiro mal morto…

Aperceberes-te que a tua mente está a ser puxada por 3 cérebros diferentes e as suas respectivamente diferentes agendas, é chave para entenderes a forma como a atracção difere da da baseada apenas no que esperarias se o cérebro racional fosse o único que existisse. É que nós normalmente pensamos na atracção unicamente sob a perspectiva da mente lógica e racional, esquecendo que os cérebros da emoção e do físico desempenham um papel que influencía directa e indirectamente a forma como a atracção funciona. Portanto, resumindo e concluindo nunca te esqueças disto: A atracção nasce da combinação de estímulos físicos, emocionais e lógicos, não apenas de estímulos lógicos.

Qualquer dúvida sobre este tema chuta para:

labirintotransparente@gmail.com

Saudações físicas (hey! Só para as meninas), emocionais e lógicas:

David Veríssimo